quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

75º - Você não tem nada pra me dizer?

Maratona 1

Liz POV. 

Acordei com muita dor de cabeça, perdida, e aos poucos fui lembrando do que tinha acontecido. 
Que merda eu tinha feito! 
Sabia que tinha errado e feio, e quando Luan soubesse te toda história ele ia me torturar por horas antes de me matar. Eu realmente havia sido muito irresponsável, podia ter feito mal a mim mesmo e aquilo pode ter prejudicado o bebê. Não queria causar mal a ele, queria? 
Lembrei do Luan me dando banho e levantei pegando remédio pra mim, já que ele devia estar muito bravo pra não fazer isso por mim. Quando pisava minha cabeça parecia que ia explodir. 
Pensei muito antes de sair do quarto. Eu não sabia como agir e acabei decidindo por ignorar, pra acabar não contando pra ele. Estava confusa, com medo e acuada. E por isso que eu tinha bebido. Só precisava esquecer. Escutei barulhos na cozinha e quando cheguei, com medo do que ia ouvir, ele estava almoçando. Havia pedido comida e ela estava separada em cima da mesa. 
Seu olhar era triste e profundo, devia ter dormido mal e me senti horrível. Ele nem me olhou direito, só virou os olhos e voltou a comer em silêncio. Me servi e sentei, também em silêncio. Queria perder desculpas, mas não consegui. Eu estava com tudo tão preso dentro de mim, que sentia que ele não me entenderia. 
- Você não tem nada pra me dizer? - Perguntou assim que terminou de comer e me olhou. 
Eu foi ainda mais burra e só neguei com a cabeça.
- Pois saiba que eu tenho e você vai ter que me escutar. - Ele me olhou sério e eu só continuei a comer. - Primeiro quero que saiba que é livre pra fazer o que você quiser. Quer beber, bebe. Quer sair sem avisar, sai. Mas seu livre arbítrio não tira a minha magoa. Você não teve um pingo de consideração pro mim ontem, em avisar ou atender Meus telefonemas. Eu fiquei preocupado, muito preocupada. Você chegou bêbada em casa, você podia ter sido assaltada, sequestrada, ou nem quero mais imaginar o que. Se eu falo pra você não beber quando eu não estiver junto, é justamente por isso. Você não tem noção das coisas. Sua irresponsabilidade passou dos limites e eu nem sei medir o quando estou chateado. E sei que se você tivesse me ligado ao agora, eu ia embora e não ia ter volta. Então agradece sua amiga que teve a luz de te trazer pra cá. Você não vai olhar pra mim? - Neguei com a cabeça. - Pra mim já chega. - Disse respirando fundo. - Era minha folga hoje, queria passar com você. Mas não. Vou pra casa dos meus pais e não me espera pra jantar. - Ele disse e levantou da mesa. Senti meus olhos molhados enquanto ouvia ele pegar suas coisas e sai batendo à porta com força.
Eu não podia perder ele agora, se não eu não ia aguentar passar por aquilo. Mas também tinha medo de contar. 
Quando ele foi embora eu larguei a comida e comecei a chorar. Precisava falar com alguém e decidi ligar pra Aline. Eu ainda não tinha contado, estava me sentindo perdida, não sabia o que ia fazer. 
- Já acordou ou é o Luan dizendo onde vai ser o enterro? - Perguntou assim que atendeu.
- Brinca mesmo…
- Você está viva! - Disse fazendo graça. - Estava preocupada. Não sei o que te deu ontem. 
- Estou grávida. - Ela ficou em silêncio e começou a gaguejar até conseguir falar. 
- Como que aconteceu isso? 
- Você é bem menos inocente que eu, não me venha com essa.
- Não, eu sei. Olha, digo, você toma remédios. 
- Eu sei, estou nervosa com isso. - Voltei a chorar. - Luan saiu de casa batendo à porta e não sei se ele vai me desculpar quando descobrir. 
- Olha, a culpa disso não é só sua, ele tem uma boa parcela também. 
- Ele vai surtar com essa criança. - Ri. - Não é isso. 
- O que é então? 
- Eu estou tão confusa. Ele vai me matar quando descobrir que bebi justamente sabendo que estava grávida, que podia fazer mal pro bebê, ele vai querer me jogar do avião dele. 
- E por que você fez isso? 
- Por que não quero esse bebê agora! - Disse pela primeira vez aquilo em voz alta. Senti meu coração apertar. - Precisava esfriar minha cabeça, respirar. Eu sou nova, já tive tantas mudanças em pouco tempo, não sei se estou preparada pra lidar com isso, pra ser mãe, tem a minha faculdade, acabou tudo. 
- Não precisa acabar a faculdade.
- Luan não vai me deixar fazer. 
- Luan não manda em você. 
- Eu não quero isso pra mim agora, não vou saber lidar com isso, estou assustada.
- Então tira. - Ela disse baixo e eu senti meu corpo tremer. Aquela era uma opção? 
- Aline, ele nunca vai me perdoar.
- Então senta e fala com ele. Fala tudo que me falou, pra ele. Ele vai saber como te ajudar. Luan não é ruim assim, ele é incrível. - Ela riu. - Você sabe que é verdade. Falei pra abortar, por que eu não sou contra, você saber disso, mas acho que devia falar com ele. Luan te entende como ninguém. Vocês dois tem que decidir o que vai ser melhor pros três agora. Ele tem o direito de saber, mesmo sendo autoritário como ele é.
- Não sei. E se ele me proibir a faculdade? 
- Pensa com cuidado. É um filho, não um cachorrinho. E se decidir, abortar é uma solução. Só tem que ficar ciente das consequências e responsabilidades depois.
Aline era feminista, a favor do aborta. Eu não praticava o feminismo, afinal eu não importava em ser a mulher mais antiga, mas defendia o direito da mulher de escolher aquilo. Não era a minha opção, mas as mulheres tinham que decidir que era escolha delas. Nunca aprovei o aborto, mas iria marcar ele no fim da minha lista de soluções. Até ter coragem de falar pra Luan. Tinha que melhorar com ele também, por que eu não queria perder ele. Nunca. 

Perdi a tarde toda chorando no quarto. Estava sem fome, apesar de saber que não comer só ia piorar quando Luan descobrisse. Não ia jantar, já que ele já tinha avisado que não viria comer comigo. 
Era quase 20h00 quando escutei barulhos na sala. O jeito de andar eu já sabia que era do Luan, conhecia até seus passos em casa. Segundos depois ele apareceu sorridente e eu ergui a sobrancelha olhando sem entender. 
- Olha, não vou pedir desculpas por que eu não fiz nada de errado, mas eu não vou deixar a gente acabar assim, tudo bem? - Afirmei. - Levanta, a gente vai comer e esquecer tudo isso. Acho que você precisa ver seus pais, o que acha? Tenho um show no Rio, vai ser meio corrido, mas acho que podemos ficar o dia todo com eles no domingo. 
Ainda estávamos no início da semana. 
Caminhei até ele voltando a chorar, de culpa, medo e angústia. 
- Vai passar. 
- Eu te amo. 
- Eu também te amo neném.

Posto depois de 8 comentários...

13 comentários:

  1. se ela abortar o bebe eu mato ela kk

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  2. Socorro, ela precisa contar pro Luan gente

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  3. Que no próximo ele ja descubra que ela ta grávida ����

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  4. Dá o Luan pra mim, por favooor, nunca te pedi nada! Entrou da fila de ser lindo e fofo e não queria mais sair de lá, já entendi. Quero os outros logo... Isa

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  5. tomara que ela não aborte, continua logo

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  6. Ela tem q contar logo e o luan ajudar ela a aceitar

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  7. Não credito que ela pensa em abortar...louca.

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  8. Abortar nãoooooooo. Ela precisa contar logo

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