59º - Você tem algo pra falar?

Estava calado quando encontrei Liz no estacionamento do shopping. Ela entrou animada, me deu um beijo e me abraçou. Aquilo me deu um pouco de forças, sabia que aquilo tudo valia a pena. 

- Você está linda pequena. 

- Obrigado! - Ela balançou os cabelos e ri. 

Não conversamos muito o resto do caminho, não sabia bem como contar pra ela, pois sabia que ficaria magoada. 

- Está tudo arrumado graças a Deus! - Disse entrando e voltando pra sala. - O que você tem? - Perguntou vindo me beijar. 

- Eu… Estou bem. - Disse e sorri. 

- Vou levar esses sapatos pro quarto. - Disse pegando o meu e o dela da noite anterior e saiu.

Sentei no sofá, já que em pouco segundos ela saberia, e fiquei esperando. Não deu um minuto e ela veio me olhando confusa. 

- Por que tem tanta roupa sua em cima da nossa cama? - Não olhei pra ela, mas ela entendeu e veio se sentar ao meu lado. - Ok, é sério isso? 

- Sim. - Disse. - Eu vou me mudar pra cá. 

- Tudo bem, eu vou adorar isso, mas posso saber o por que? - Perguntou meio nervosa. 

- Eu briguei com meu pai. - Não deu detalhes.

- Brigas acontecem ainda mais na nossa situação. Você não precisa sair de casa por isso. Isso não vai ajudar a gente, vai fazer eles me odiarem mais meu amor. - Disse acariciando meu rosto, sensata como sempre. 

- Deu o limite. - Disse já querendo começar a chorar. - Eu não sou mais criança, não vou mais ficar empurrando isso. Eles têm que ver que eu não estou de brincadeira. Isso aqui não é joguinho, vou me casar com você. Se eu fosse dependente tudo bem, mas eu não sou. Eu tenho meu trabalho, eu tenho dinheiro pra levar essa casa, eu não preciso ficar aguentando isso. 

- Tudo bem, tudo bem, só se acalma. - Ela disse me abraçando. - Você pode não depender deles, mas eles são sua família. Sua mãe vai sofrer. 

- Eu já sai de casa pra casar com a Paula e ninguém falou nada. - Disse. - Mas deixa, uma semana e ele volta atrás. 

- Você acha mesmo? 

- Claro que sim, minha mãe vai ficar na cabeça dele. Ele vai ter que voltar por ele, ou por ela. Dai ele pra não brigar com ela, vai bater aqui nessa porta e implorar pra mim voltar. E eu vou falar não!

- Ele não sabe onde é esse apartamento. 

- Mas ele descobre. Quando ele quer ele descobre. Vamos esperar Liz. - Selei seus lábios. - Não esquenta a cabeça. 

- Não gosto de te ver assim. 

- É uma escolha minha. - Sorri. - Escolhi você, como você me escolheu. Agora sorri neném, hoje vai ser uma noite alegre, tudo bem?

- Tudo. - Ela sorriu e ficamos um tempinho abraçados. 

Liz me ajudou a arrumar as roupas e terminamos juntos de arrumar as coisas. Liz sempre deixava tudo arrumado, organizado, e não foi difícil. Ela saiu pra tomar banho e eu fui depois enquanto ela se arrumava. Ajudei ela com as coisas, e fui comprar um doce pra comer de sobremesa, enquanto ela ficou de arrumando. Estava toda linda quando voltei, de vestidinho e descalça, como amava ficar, com uma maquiagem bem levinha. 

- Vou ficar com ciúmes assim. - Disse. 

- Nossa, como você é. - Revirou os olhos. - Achei que tinha virado amiguinho do Lucas.

- Não exagera, sou amigo até ele encostar em você. 

- Você é muito possessivo. - Ela riu enquanto ia atender o interfone. 

Voltou dizendo que os meninos haviam chegado. Logo a campainha tocou e ela atendeu, então me levantei, deixei a TV mais baixa, e sai até a sala. 

- Oi cara! - Cumprimentei o Lucas. 

- Eai, tudo bem? - Ele apertou minha mão. - Conseguiu cara! 

- Obrigado por aquele dia. - Agradeci e cumprimentei o Gustavo também. 

Convidei eles pra ver TV, dizendo que estava passando um jogo e Liz foi pegar algumas bebidas. Eles iam beber, então decidi acompanhar, mas Liz já me avisou pra não exagerar. 

Ficamos lá um tempo até as meninas chegarem. Cumprimentei elas da mesma maneira e ainda tirei uma foto com elas. 

- Quero entrar também. - Liz apareceu. 

- Sai, sua feia! - Luiza falou. - Você tem um monte de foto. 

Ela sorriu e pra irritar a amiga sentou no meu colo pra tirar a foto. 

- Luan tá bem na foto! - Lucas riu. 

- Pode postar, pode postar que eu deixo! - Disse rindo e Liz me abraçou pelo pescoço sem se levantar. 

- Não bebe muito. - Ela pediu. 

- Não vou dirigir amor, mas não vou beber muito.

- Hoje você pode. - Riu. 

- Está praticamente de mudança agora. - Alice entrou na conversa. 

- Criatura, não entra na conversa não que eu não gosto de você. - Ri brincando. - Levou minha mulher pra balada, estou sabendo viu dona?!

- Ela não era sua mulher na época. 

- Era sim! - Acusei. - Deixa você comigo, deixa… 

Todos riram e pedimos a pizza. Ficamos conversando enquanto eu e os meninos bebíamos um pouco e eles contavam sobre algumas coisas que aprontam na escola. 

- Saudades do meu tempo de escola. - Ri.

- Faz tempo hein? - Alice provocou rindo e a gente ficou naquele clima até as pizza chegarem. 

- Estou feliz que vocês se acertaram. - Lucas falou. 

- Eu também, Liz era muito chata sem você. - Alice disse fazendo caretas e rimos. 

- Eu sofri. - Disse rindo. 

- Estava abatido quando te vi mesmo… - Lucas comentou. 

- Fiquei sabendo que se enterrou nesse apartamento por duas semanas. - Disse. - O amigo dele disse que ele quase se jogou da janela. - Ela falou como se aquilo fosse sério e eu olhei feio. 

- É mentira, não foi assim. - Rimos. - Mas eu sofri mesmo. Até pro Rio eu fui.

- Agora imagina só o pai da Liz não entendendo nada. - Alice falou rindo e todos acharam graça. 

- Ele não deve estar entendendo até agora.

A noite foi muito divertida, eles eram legais, alegres e pra cima. Gostei muito de conversar melhor com eles, que acabaram indo embora tarde da noite, quando seus pais vieram buscar.

Eu e Liz dormimos agarradinhos depois de nos amar a noite toda, sem descanso. Eu era louco por ela, e era só a gente ficar junto que parecia que nossos corpos se atraiam. Eu tinha uma sorte de ter ela na minha vida que não podia medir. 

Bruna POV. 

Dois dias depois… 

Estava tomando café com meus pais em silêncio quando minha mãe começo a falar sobre meu irmão.

- Luan sumiu faz dois dias, né? - Disse. - A última vez que vi ele foi depois que ele voltou com a Liz do hospital. 

- Mas ele não ligou mãe? 

- Não, estranho, ele nunca fica sem ligar. Você não acha Amarildo? - Ela perguntou e meu pai ficou estranho, não respondeu direito e vi que tinha algo errado, mas a minha mãe também percebeu. - Você tem algo pra falar? - Ela ficou séria. 

- Por que teria? 

- Por que disse que ia falar com o Luan antes de ontem no escritório e não falou mais nada. 

- Eu conversei com ele, mas ele está estranho. - Disse simples. 

- Pai… - Falei meio sem saber como dizer o que pensava. 

- Tudo bem. - Ele colocou o copo na mesa. - Brigamos ele eu disse que ia sair de casa, até então eu não sei. 

Minha mãe ficou assustada e levantou correndo pra ir até o quarto dele e eu fui atrás. Ela abriu a porta e encontramos tudo bagunçado, faltava algumas coisas e bastante roupas. Ela começou a chorar e eu fiquei sem saber o que fazer, mas nem deu tempo já que ela desceu furiosa atrás do meu pai. 

- Você vai acertar isso agora! 

- Ele saiu daqui por que quis! - Ele respondeu bem baixo, também devia estar sentindo. - Não vou atras dele.

- Não quero nem saber, agora! Vai atras dele sim! - Ela gritou. - Eu quase nem vejo ele, não vou acabar de perder meu filho por birra sua! Não mesmo Amarildo! A menina é um anjo, coitada!  Isso já ficou ridículo! Ele está feliz, e pra mim isso basta! Ele é meu filho e acho bom você dar um jeito nisso. 

Subiu brava pro quarto e eu fiquei parada olhando meu paí. Peguei minhas coisas e sai de casa com meu carro, sem saber ao certo o que fazer. 

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