56º - O que você quer trazendo essa menina aqui?

Respirei bem aliviado quando minha mãe apareceu com um sorriso no rosto e logo em seguida meu pai e a Bruna. Apertei a mão de Liz e ela sorriu fraco pra mim. 

- Oi meu filho! 

- Mãe, essa daqui é a Liz, a minha namorada. - Apresentei meio receoso, mas minha mãe foi incrível. 

Como toda educação que ela me deu, abriu os braços e abraçou minha menina, sorrindo. 

- Seja bem-vinda a nossa casa, Liz.

Liz abriu um sorriso lindo e me olhou pelo canto, acho que relaxou quando eu sorri pra ela, passando confiança. 

- Eu estou muito feliz de conhecer a senhora. - Disse com toda sua calma que disfarçava bem. - Luan fala muito da senhora. 

- Ele também fala de você. Pode deixar o senhora de lado. - Minha mãe me olhou meio estranho. - E por favor me chame de Mari. 

- Oh, isso é pra… Você. - Ela riu entregando o buquê. 

- Quanta gentileza, são lindas e eu amo tulipas. 

- Achei essa combinação de cores linda, vermelhas e amarelas.

- São lindas, muito obrigado, vou colocar num vaso. - Ela sorriu. - Entre. - Ela se virou pro meu pai. - Que gentil não é meu bem? 

Ele sorriu fraco pra ela.

- Meu pai você já conhece. - Eu disse meio receoso.

- Sim, mas não fomos apresentados. - Ela estendeu a mão e meu pai ficou olhando, depois pegou e apertou. - É um prazer conhecê-lo, Luan sempre diz o quanto é parecido com o senhor em muitas coisas. 

Estava me surpreendendo o quanto ela estava solta, comunicativa, já que nem sempre era assim com pessoas que não conhecia. 

Meu pai só afirmou com a cabeça e ela ficou um pouco sem graça, respirei fundo e Bruna surgiu abraçando ela. 

- Eu sou a Bruna. - Disse. - Espero que Luan também fale de mim, e bem.

- Claro, ele fala, o quanto você é linda. - Minha pequena sorriu e eu agradeci com o olhar minha irmã, que entendeu na hora que havia ficado meio chateado com o pai. 

- Mas não mais que a minha menina. - Ri beijando seu rosto e estendi o buquê pra ela. 

- Luan, que coisa feia! - Liz me repreendeu. 

- Bruna sabe que estou brincando amor, as duas são as mais lindas que já conheci.

- Essas tulipas são pra você. 

- Roxas e laranjas, que delicadas, e marcantes. Eu adorei, muito obrigado. - Minha irmã beijou seu rosto, e se retirou pra cozinha e eu voltei a segurar sua mão, apertando ela.

Liz me olhou com um sorriso nervoso e eu selei seus lábios. 

- Foi tão ruim assim? - Ri. 

- Não. - Ela fez uma careta e ri abraçando ela então minha mãe chegou e puxou ela pela mão convidando pra conhecer a casa. 

Fiz menção de ir junto, mas pensei em deixar ela conhecer Liz, sabia que ela ia gostar dela, e seria uma ajuda e tanto pra nós dois. Então deixei e segui pra cozinha, até Bruna cruzar meu caminho. 

- Você é louco? Devia ter avisado. 

- Não queria que planejassem o roteiro pra expulsar ela da minha vida. - Disse entre dentes.

- Isso só fez o pai a tratar com mais frieza.

- Ele podia ter sido mais educado né? - Disse reclamando baixo. - Ela estava nervosa, o fim de semana toda, fez de tudo pra agradar vocês. 

- Ela é linda. - Minha irmã pegou na minha mão me acalmando. - E uma graça também, muito educada, mas não tenta forçar. 

- Queria que ele conhecesse ela, a mãe também, por que eles vão gostar dela. 

- Vai ser natural, não tente forçar a convivência que pode ser pior. Ele vai ceder quando perceber que ela não vai ser ruim pra você. 

- É disso que eu tenho medo Bruna, pode ser que ela seja, pra minha imagem. Ela é bem novinha, e eu tenho medo de ficar pior a relação dela com o pai. 

- Vai lá na cozinha e conversa com ele, mas não chega impondo. Ela disse beijando meu rosto e sentou no sofá mexendo no celular. Caminhei até a cozinha e meu pai estava lá, sentado. 

- Posso falar com você? 

- O que você quer trazendo essa menina aqui? 

- Minhas namoradas sempre vieram em casa. - Sentei. - Por favor, não trata ela mal, ela não tem culpa, e estava toda nervosa pra agradar vocês, e principalmente você. 

- Sua mãe gostou dela Luan. - Ele disse olhando pra mim. - Ela é linda, simpática, educada, esforçada. Mas ela pode ser todo o que tiver de melhor no mundo e isso não vai mudar minha opinião se ela não tiver  pelo menos uns 5 anos a mais. 

- Não posso mudar a idade dela e nem quero, só quero que ela seja bem tratada na minha casa. Você fazendo ela não se sentir mal, pode aprovar ou desaprovar o quanto quiser que não tem problema nenhum pra mim. - Me levantei. - Está avisado. 

Sai da cozinha e subi as escadas procurando as duas. Encontrei Liz e minha mãe na sala que guardava alguns prêmios. Fiquei na porta enquanto minha mãe falava o quanto tinha orgulho de mim e Liz olhava ela com amor. Lindas, só isso. E fiquei me perguntando se ela realmente havia gostado dela ou se estava sendo educada. 

- Você está aí querido? - Minha mãe me olhou. - Estava mostrando pra sua flor os seus prêmios. 

- São lindos Lu, e estou encantada principalmente com a sua mãe. - Ela se virou sorrindo e eu me aproximei. 

- Mostrei pra ela uma Flor de Liz que eu tenho aqui. 

- Me sinto mais especial quando vejo uma. - Rimos com a sua doçura. - Sua casa é linda Dona Mari. 

- Obrigado querida. Faltou seu quarto Luan, mostra pra ela e desçam que eu vou tirar a lasanha do forno, você gosta Liz? 

- Amo! - Minha pequena sorriu e ela saiu nos deixando a sós. 

- E como foi? - Perguntei. 

- Ela foi simpática, mas acho que ainda tem um pé atras. - Sorri. - Mas gostei ela, ela me tratou bem amor, estou feliz. - Me abraçou. 

- Vocês são iguais, não tinha como se darem mal. - Ri e puxei ela pelo braço. - Vem ver meu quarto! 

Mostrei pra ela o quarto e ficamos na varanda algum tempo até minha mãe chamar pra comer. Desci com ela de mãos dadas e ela queria por toda lei ajudar a minha mãe, me fazendo rir.

- Ela é boa na cozinha mãe, mas quase não faz comida, por que é só pra ela, mas quando reuni eu e o Marquinhos, Lea faz, mas coisas diferentes… 

- Qualquer dia pode vir me ajudar num almoço em família Liz. - Minha mãe sorriu e eu agradeci com o olhar por sua gentileza com a minha menina.

- Luan, eu não sou boa… - Riu envergonhada.

- É sim, mas é mais em doce do que em comidas. 

- Aí que vergonha. - Ela riu e eu terminei de servir ela, então começamos a comer. 

Minha mãe, bem agradável, puxava assuntos junto com Bruna. Ela contou que a avô morava nos EUA, em Orlando, e passava muito das ferias lá. 

- Amor, a gente pode ir pra lá nas férias. - Disse. - Faz tempo que não visitamos Orlando não é Bru? 

- Verdade. - Bruna concordou. - Eu gosto muito de lá. 

- Eu também. - Minha menina sorriu. - Depois do Rio é meu lugar favorito.

- Eu lembro bem da última vez que fomos pra lá. - Meu pai disse pela primeira vez, e eu não acreditei que ele fosse fazer o que ia. - Fomos nós quatro e Paula, não é? Quando você tinha uns… 

- 24 eu acho. - Falei sem graça. - Faz muito tempo. - Olhei feio pra ele. 

- Naquela época eu já sabia que vocês iam casar. - Ele disse e todos ficaram em silêncio. Vi pelo canto do olho Liz mastigar a comida com dificuldade. - Vocês viviam juntos, eu acho que ainda se amam. 

- A gente nunca se amou pai. - Disse reto. - Aliás, Paula me amou demais, mas eu só amei ela, como amigo, e não era esse amor que ela queria. 

- Vocês se casaram Luan. 

- Mas nunca fomos marido e mulher. Sem companheirismo e sem paixão. Me casei por causa da Liz, isso diz muita coisa sobre o que eu sinto. - Disse e ela me olhou sorrindo meio sem graça. - E nem somos casados e temos uma relação melhor do que eu tinha com a Paula. 

Ele ficou calado e minha mãe me olhou triste. 

- E você está gostando de SP? - Perguntou pra descontrair.

- Eu não conheço muito, fico muito em casa. - Sorriu pra ela. - Mas o pouco que conheço eu gosto sim. 

- Você pode sair comigo. - Bruna convidou. - Te levo pra conhecer SP inteiro. 

Ela ia responder mais eu logo cortei. 

- Não mesmo. - Minha irmã me olhou brava. - Não confio em você pra cuidar dela. É capaz de embebedar minha menina. - Disse.

- Luan, o que ela vai pensar de mim? - Bruna reclamou. 

- Nada contra Bruna, mas ela é muito ingênua pra sair com você. O pai dela me mata. - Liz me olhou muito feio, com certeza pela minha proteção com ela perto da minha família. - Tudo bem dona adulta, você pode ir com ela. 

- Mas ela ia mesmo, você manda e ela obedece? Preciso conversar sério com ela agora então. - Bruna reclamou rindo e Liz acompanhou ela acariciando minha coxa de leve, demostrando toda sua doçura. 

- Ah meu Deus, agora que eu perdi o controle da relação. - Fiz graça e as mulheres riram, menos meu pai que continuava a comer calado.

- E a escola?

- É pertinho de casa, não é? - Confirmei. - Luan me ajuda muito com as coisas também. Espero passar no vestibular no fim do ano.

- Liz é muito inteligente mãe, e esforçada. Quase nem vi ela na semana de provas. - Fiz bico. - Quer fazer arquitetura. 

- Isso é muito legal, querida! - Minha mãe falou. - Você gosta? 

- Eu peguei gosto por causa da nossa casinha. - Ela disse, meio sem graça. - Eu fiz projeto pra adaptar a decoração, e eu gostei de mexer com essas coisas, montar, desenhar os lugares que as pessoas serão felizes. - Ela sorriu e eu fiquei encantado com suas palavras. 

- Quero conhecer a casa que você mora Liz. - Minha mãe disse. 

- Eu te levo lá qualquer dia. - Disse cortando o assunto. Ainda não era hora, podia dar muito errado. 

Terminamos de comer no mesmo clima. Liz não estava completamente a vontade por causa do meu pai, mas as coisas não iam mal, não tinha sido tão ruim. Minha mãe trouxe a sobremesa e serviu Liz primeiro. Era um tipo de cremes em camadas, com morangos no meio, camadas de chocolate, e camadas brancas. 

- Luan não disse nada, então fiquei com medo de errar e fiz algo bem simples. 

- Eu amo chocolate. - Ela riu me olhando e já comendo um pouco enquanto eu ainda me servia.

- Nem me fala, acho que depois que ela veio pra cá engordei 20 quilos só com os brigadeiros diários. 

- Não exagera Luan, você emagreceu. 

- Não sei como né. - Ri levando o boca. Estava um delicia. 

- Gostou? - Disse passando a mão pelo canto da boca dele e tirando um pouquinho. 

- Um delicia, gostei dos morangos picadinhos no meio. - Ri da minha criança e voltei a comer.

Mas pra minha surpresa eu encontrei amendoim no meio das camadas, levei a boca e comi novamente, no meio dos morangos não dava pra sentir o gosto e a textura. 

- Liz, não come mais amor. - Disse tentando não deixar ela nervosa e peguei o potinho da sua mão. 

- O que foi filho? 

- Liz é alérgica, a amendoim. - Disse olhando a porção dela. - Tem amendoim aqui, não tem? 

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