53º - Não pode ver um rabo de saia que já esquece tudo que eu te ensinei.

Capítulo dedicado pra Isabella Guimarães. 

Liz POV. 

Estava encantada com tudo que ele havia feito por mim, praticamente me assumindo, na frente de todos. Agora tudo mudaria e eu estava assustada. É claro que ele me fazia falta mas também não esperava que tudo se encaminhasse pra isso.  

Cheguei radiante na casa de Aline, e seus pais que me acolheram como uma filha já estavam sabendo que ele era mais que um primo de consideração, por que tive que explicar algumas coisas. 

Contei pra eles animada, e ficaram felizes por mim.

- Agora tudo se ajeita querida. - A sua mãe falou pra mim. 

- Espero, eu acho que vai mesmo, mas estou com um pouco de medo do que pode acontecer agora. - Confessei. - Ele nem anunciou a separação e já estava comigo. Seus pais, e as pessoas, vão se meter. 

- Se o amor de vocês for forte, ele vai sobreviver. - Seu pai falou. - E o divórcio? Ele já entrou com os papéis. 

- O pai dele entrou essa semana, por pressão dele. Mas ninguém apoia. Vai ser complicado. Demora muito pra sair? - Perguntei. Ele era um grande advogado familiar. 

- Não se ela assinar, mas pode demorar mais se ela não aceitar.

- Eu não acho que vá. 

- Mas ele já te assumiu Liz, não acho que tenha com o que se preocupar.

Estava ansiosa, pra voltar pra casa, mas feliz por ter ganhado eles. 

Luan POV. 

Dormi tão bem como a anos não dormia, desde que Liz havia ido embora. À consciência estava leve, e sonhei com ela a noite toda. 

Estava ali, ao seu lado na nossa casinha e eu consegui passar a tarde inteira com ela sem dever nada pra ninguém. É esse sonho estava perto, ia se realizar logo. 

Pra minha surpresa acordei com gritos no meu quarto. Abri os olhos assustado e meu pai abria a cortina e as janela, deixando a claridade invadir o ambiente.

- Nossa, o que é isso? - Perguntei. - Aconteceu alguma coisa? 

- Você que tem que me dizer. - Ele falou com raiva. Tentei entender rapidamente o que ele falava e caiu minha ficha. - Quem é aquela garota? 

- Que garota? - Me fiz de desentendido. 

- A menina de ontem Luan! - Ele gritou e minha mãe entrou no quarto assustada. - Esta tudo mundo comentando. Você ainda é casado, devia ter juízo! 

- Não sou mais casado. 

- Ainda é sim. O que você tem na cabeça? - Ele continuou alterado. - Sem contar da beleza da sua entrevista. E ainda acha que pode dormir, Arleyde está vindo pra cá me ajudar com isso. 

- Para de drama. 

- Quem é aquela garota? - Ele gritou bem nervoso, talvez já sabia quem era, ele com certeza sabia e por isso estava tão nervoso. 

- Exatamente quem você está pensando que é. - Disse. - Sempre foi. - Disse com calma, esperando o próximo surto. 

- Eu devia ter cortado sua asa desde o primeiro momento. - Ele se lamentou. - Ela é menor Luan. 

- Não é mais. Emancipada. 

- Eu devia saber. - Ele me olhou. - Você disse que perguntou por curiosidade. 

- Mas não era pai. Consegui emancipar ela e trazer ela, faz 6 meses já, estamos quase casados praticamente, então pode surtar a vontade, fica tranquilo. Mas surta sentado que eu não vou voltar atrás. 

- 6 meses? - Perguntou assustado. 

- Desde o dia que voltamos da lua de mel. 

- Você só pode estar brincando. 

- Não estou. - Disse. - A gente está bem, somos felizes, a gente se ama. Vamos casar e ter filhos, queiram todo mundo ou não. 

- Eu não vou deixar. - Ele me disse assustado ainda, me olhando. 

- Só vai conseguir comprar uma briga comigo. - Disse. 

- Você não tem um pingo de juízo! Não acredito que você fez isso meu Deus! - Minha mãe voltou e ele voltou a gritar. - Ele trouxe uma amante pra SP Mari, uma menina de 16 anos! 

- Luan… - Ela falou me olhando. 

- Ela tem 17 anos mãe, e não adiantam fazer essa cara meu Deus, ela vai ficar. - Passei a mão pelo cabelo inquieto.

- Onde ela mora? - Ele perguntou nervoso. - Você tirou ela da casa dela Luan! Ela ainda estuda, seu irresponsável! 

- Não sou irresponsável pai, ela estuda numa das melhores escola de SP, ela me ama, ela está bem, eu cuido dela, ela mora bem, numa cobertura bem localizada e eu trato ela como uma princesa, eu não vou lá só transar com ela! - Disse levantando e gritando. - Ela não é minha amante, ela é minha mulher, vocês querendo ou não! E vão ter que respeitar ela! 

- É por isso que a Paula foi embora, por que você é um moleque! 

- Não. - Falei. - A Paula não foi embora! Eu mandei ela embora. Ela tentou me enganar, praticamente me deu um golpe. 

- Você não sabe nada sobre isso, é um ingênuo que está caindo na conversa dessa menina. - Ele falou com raiva, quase partindo pra cima de mim. - Não pode ver um rabo de saia que já esquece tudo que eu te ensinei. 

- Você me ensinou a amar! - Enfrentei ele. - Foi isso que você me ensinou e é isso que estou fazendo. 

- Eu devia ter cortado essa palhaçada assim que a gente voltou do Rio na vez que você quase arrumou um problema com a polícia. - ele jogou na minha cara. - Mas eu deixei, achei que você ia ouvir, que ia ver que tudo isso é uma loucura. Mas eu devia ter feito algo melhor, devia ter interferido de verdade. 

- Eu já tenho 28 anos, não sou mais uma criança. Eu tomo minhas decisões. - Acusei. 

- Pode ter quantos anos for, mas é meu filho e eu não vou permitir. - Ele disse antes de sair batendo à porta e minha mãe assustada foi atrás. 

Respirei fundo pegando uma toalha e entrando no banheiro pra tomar banho. Aquilo só podia ser uma brincadeira bem grande. É claro que eu imaginava que ele fosse reagir contra, mas aquilo tinha me surpreendido pra pior. Me sentia sem forças, sem muita direção. Eu achava que tudo ficaria bem agora, mas era só o começo. Tudo só estava começando. Mas eu teria ela, e isso é o que me importa. 

Liz POV. 

Luan foi me buscar no início da tarde e foi convidado pra almoçar pela família de Aline depois que apresentei eles. Estava claramente feliz por me ter de volta mas eu conhecia ele tão bem que sabia que ele tinha algo incomodando ele. 

- Tudo bem? - Acariciei seu rosto antes de irmos almoçar. 

- Tudo meu anjo. 

- Não parece, aconteceu alguma coisa. 

- Só cansaço. Não foram dias fáceis. 

Almoçamos rindo, conversando. Luan contava nossa história de uma maneira engraçada, e eles adoraram ele. Não tinha quem não gostava, era comunicativo, educado, um príncipe. E eu não largava seu braço, abraçada nele e muitas vezes com a cabeça apoiada nele enquanto ria de algo que ele falava. 

- Mas vocês foram corajosos. - Mariana, mãe da minha amiga, comentou. 

- Eu nunca fui né, mas ele não deu outra escolha. 

- Comigo é assim Liz, não tem meio termo. - Falou fingindo ser bravo. - Mas eu até conquistei os sogros, depois de tudo isso, posso até escrever um livro depois dessa. - Rimos.

- “Como conquistar os sogros depois de roubar a filha deles.” - Aline riu. - Mas serio, quero conhecer eles. 

- Vou levar a Liz sempre agora, que estiver no Rio. - Ele sorriu me olhando e eu abri um sorriso enorme. - Você pode ir junto sempre que quiser. Ela não vai mais passar muitos fins de semana em SP. 

- Você é louco. - Eu disse revirando os olhos e todos rimos. 

Logo chegou a hora de me despedir e ir embora, com um pouco de tristeza, mas muita gratidão. Luan também agradeceu eles por cuidar de mim e nós fomos embora logo, já que ele tinha que viajar e ainda não era o momento de me levar junto. 

Assim que pisei de volta no apartamento eu olhei sorrindo tudo. 

- Está tudo arrumado. 

- Isso por que você nã viu isso aqui antes de eu chegar. - Marquinhos apareceu e eu corri abraçar ele. 

Fazia muito tempo que não via, e Luan ria de mim que baguncei seu cabelo. 

- Ela não precisa saber cara. - Piscou pra ele. 

- Eu não preciso saber o que? -Perguntei. 

- As festas que eu fiz aqui. - Ele respondeu naturalmente. 

- Ah é? - Olhei fingindo acreditar. 

- Você nem acredita Liz, estava lotado de mulher isso aqui. Só tinha mulher! - Marquinhos falou. 

- Nossa, sério amor? - Falei.

- Muito. - Ri. 

- Nossa, agora vou falar a verdade. Estava destruído Liz, um lixo isso aqui, nossa você nem faz ideia. Ele ia estar aqui com as baratas ainda se não fosse eu. 

Eu fiz graça com Luan e rimos. 

- Não precisava falar. - Ele ficou sem graça. 

- Tadinho do meu amor, mas é bons pra aprender. - Dei um beijo e depois bati na perna dele. 

- Ele já está nas suas mãos Liz. 

Fui tomar um banho e depois voltaria pra me despedir dele, mas então ouvi a conversa quando cheguei. Sabia que havia saído a entrevista, mas ainda não sabia as consequências, mas sabia que eu tinha razão quando percebi que ele não estava bem. Ele tinha problemas com o pai. 

- Ele não vai abrir espaço cara, ele não vai permitir isso. 

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