64º - Está assinado!

Luan POV.

Segunda-feira eu dormi até tarde, mesmo ficando à noite toda sem muito o que fazer e adormecendo cedo. Liz tinha aula pela manhã e fiquei sozinho, mas não senti muito já que acordei quase na hora dela chegar e fiquei na cama vendo TV. Pedi comida alguns minutos antes dela chegar, e só escutei sua voz vindo da sala. 

- Amor! 

- Oi querida. - Beijei seus lábios. - Como foi de aula? 

- A mesma coisa de sempre. - Disse. - Chato e corrido. 

- Mas esta acabando. 

- Vai ter a formatura. 

- Você vai né? 

- O que acha? 

- Vou estar lá admirando a namorada mais linda.

- Bom, tinha um envelope pra você debaixo da porta. - Disse mordendo os lábios. 

- De onde? 

- Não sei, só tem seu nome. - Ela mostrou. 

- Mas ninguém sabe que eu moro aqui, e não foi correio, por que se não o porteiro te daria. 

- Eu sei, abre e vê. 

Olhei sério e ela me ajudou a violar o envelope, depois tirou os papéis pra mim e estendeu. 

- É da Paula. - Disse sem entender ao ver a letra da carta. 

Olhei os papéis de baixo e sorri. 

- São os papéis do divórcio. 

- Ela está devolvendo? - Liz bufou enquanto eu olhava pasmo tudo aquilo. 

- Assinados. - Sorri rindo alto. - Está assinado! 

- Mentira! - Liz pegou da minha mão e depois que olhou sorriu e me beijou com amor. Nos abraçamos, com calma por causa do meu braço 

- Não acredito que ela assinou. 

- Nem eu! - Ri. - Vamos ler a carta. 

- Lê! 

- Luan, eu pensei muito em não assinar esses papéis. Me sentia boba e meu orgulho não queria te deixar tão livre pra estar com Liz, mas assinei sem pestanejar, assim que soube do seu acidente. Um sentimento enorme me tomou e eu percebi o quanto te amava. Eu não podia mais deixar o amor da minha vida sofrer por algo tão egoísta. - Sorri olhando pra minha menina, que me olhava atenta. - Obrigado por tudo, e não esqueça que eu te amo. Paula. 

- Ela te ama mesmo. 

- Nunca duvidei disso, mas é um amor doente, infelizmente. Só espero que ela encontre alguém que ame. - Disse lamentando. - Mas não importa mais. - Sorri e beijei ela novamente. - Agora nada mais nos impede. 

Liz POV. 

Nos beijamos com paixão e então senti sua mão boa acariciando minha cintura e puxando meu corpo. Cortei o beijo rindo e ele fez graça. 

- Calma aí… 

- Saudade amor… 

- Você está doente… 

- Não to não. 

- Todo quebrado Luan. - Ri saindo de cima dele. 

- Nossa mais que saco isso princesa. 

- Estou com fome. - Entrou no closet reclamando e depois voltou já vestida mais à vontade. 

- Já pedi a comida. 

Ela deitou aí meu lado e ficou ali vendo TV comigo até a comida chegar, então fomos almoçar e ela voltou a dar comida pra mim. 

Depois que arrumei a cozinha Luan ficou com um pouco de dor e depois de tomar remédio, pegou no sono. Comecei a estudar a matéria do dia e fazer tarefa de humanas, iria deixar o resto pro Luan me ajudar a noite. Estava na segunda página de literatura quando o interfone tocou. Atendi e me surpreendi com o que escutei. 

- Manda ele subir por favor. 

Seu Amarildo estava lá embaixo. 

- Com certeza já ficou sabendo dos papéis e veio surtar. - Disse pra mim mesmo esperando a campainha tocar. 

Mas eu me surpreendi. Ele apareceu na minha porta com uma aparência serena, calma. Nunca tinha visto ele dessa maneira. 

- Oi, entre. - Dei passagem e ele fez isso. - Luan está dormindo. Ele estava com um pouco de dor e tomou um remédio forte. - Disse pedindo pra ele se sentar. - Vou ver se ele acorda. 

- Não, eu queria… Falar com você. 

- Comigo? - Perguntei surpresa. 

- Sim, podemos? 

- Olha, me desculpa, mas eu não quero ouvir as mesmas coisas de sempre. 

- Não, não é isso! - Ele disse, e abaixou a cabeça. - Por favor, senta. - Pediu. 

- Tudo bem. - Sentei em sua frente e ele olhou pra mesa da cozinha. 

- Estava estudand? Te atrapalhei? 

- Não, está tudo bem. - Menti. - Ia esperar Luan acordar pra me ajudar em algumas coisas. 

- Bom, então, eu queria… - Ele me olhou mexendo nas mãos. - Pedir desculpas, por tudo. - Fiquei olhando sem reação ao escutar aquilo e ao ver que eu não diria nada ele continuou. - Ver você, cuidando dele ontem, com tanto carinho, dedicação. Por tudo, não é? - Assenti. - Eu não sei como consegui ir contra uma coisa que está nos seus olhos, nos olhos do meu filho. Eu nunca vi aquele olhar e aquele sorriso dele. - Disse sincero. 

- Está tudo bem, eu entendo. - Disse sincera. 

- Desde que o Luan começou a carreira, eu tenho protegido demais ele, cuidado de tudo, me metido até demais nas escolhas dele, mas é por que quero o melhor pra ele, estar ciente do que acontece com meu filho. A vida dele é muito complicada e sempre tive medo dele pegar caminhos errados, ou não aguentar a pressão. 

Ao ver ele ali, eu senti tudo que precisava sentir. Ele carregava nos ombros a preocupação constante com o filho. E eu conhecia bem aquele olhar, aqueles sentimentos. Meu pai era igual, e eu sempre achei lindo. 

- Sempre afirmei isso pro Luan, que o senhor fazia tudo pra proteger ele, pra cuidar. Comigo não podia ser diferente. 

- Eu não sou um sogro ruim. - Ele sorriu pra mim. - Eu só queria ter certeza que ele ataca em boas mãos, e agora eu tenho. 

- Fico muito feliz com isso, por que sentia que o Luan estava bem chateado. E não quero isso. 

- Eu também não. Eu não quero perder meu filho. - Disse me olhando aflito. 

- Não vai, Luan te ama. 

- Estou desculpado? 

- Claro! - Ele sorriu. 

- Então eu quero te fazer um convite. - Sorriu. 

- Um convite? 

- Sim! - Ele riu. - Luan tem uma premiação. Mas ele está machucado e tudo mais. É de uma revista, algo mais sério que essas coisas de TV. Então, vai ter um jantar no Rio de Janeiro. E tenho que ir até lá pegar o prêmio dele, e pra me redimir com você, eu gostaria que me acompanha-se. 

- Eu? - Me surpreendi e minhas mãos tremeram. - Tem certeza? 

- Se você quiser, claro.

- Luan sabe disso?

- Não, ele tem me evitado, mas eu vou falar com ele e tenho certeza que ele vai amar. 

- Mas e Bruna, Mari…

- Elas também gostaram muito da ideia. E então, o que me diz? Podemos nos conhecer melhor!

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