57º - Liz havia realmente me surpreendido essa noite.

- Meu Deus, filho, eu não sabia. - Minha mãe levantou nervosa pegando água e eu respirei fundo sob os olhares atentos da minha família.

Por outro lado, Liz me olhava com desespero. Ela havia me contado que nunca mais comeu por ter desenvolvido uma reação muito forte e séria por volta dos 15 anos quando comeu. Ela não tinha antes, mas acabou dando. 

- Você tinha que ter falado filho! - Minha mãe trouxe a água e eu fiz ela beber, sem saber muito o que fazer. 

- Eu esqueci completamente, estou com muita coisa na cabeça. - Abracei ela, me parecia aflita. 

- E agora? - Perguntei. 

- Não sei. - Liz respondeu. - Faz tempo e eu não lembro de muita coisa. Tive que tomar alguns remédios, desintoxicar. Não sei Lu…

- Calma. A gente vai esperar um tempo e se der, a gente corre no hospital. Não tem o que fazer agora princesa. - Acariciei seu rosto e todos ficaram aflitos. 

- Vou pegar minhas coisas pra deixar pronto pra ir com você. - Bruna levantou correndo e a minha mãe também, alegando estar frio e que ia pegar um agasalho pra nós dois pra caso precisasse passar a noite no hospital. 

Ela foi com a minha mãe, dizendo que queria ir ao banheiro e eu coloquei a cabeça apoiada na minha mão. Olhei pro meu pai parado na minha frente. 

- Você não… 

- Luan, por favor né! - Ele quase gritou. - Eu nem sabia, e também não faria isso com ninguém. Só sou contra isso por que eu não acho que seja bom pra você. 

- Não vou discutir isso agora que eu tenho coisas mais importantes pra se preocupar. 

Levantei. 

- Qualquer coisa me liga que eu vou lá. - Meu pai disse.

- Obrigado. 

Sai a procura deles é encontrei Bruna descendo com Liz. Ela tinha os saltos da minha menina nas mãos e me estendeu. 

- Achei melhor ela tirar. 

- Empresta um seu pra ela, acho que não tem nada no meu carro. - Disse. 

- Não serve, o pé dela é pequeno. - Ri e minha menina me abraçou. 

- Já começou? 

- Já, olha. - Ela mostrou o pescoço da Liz e já começava a ficar todo vermelho e um pouco inchado. 

- Vai com calma filho. 

- A Bruna dirige pra mim. - Disse beijando a testa da minha mãe. 

- Me desculpa Dona Mari, eu… 

- Não, que isso, me desculpa você. Eu não sabia. Mas faço questão que você volte logo pra ser tudo certinho na próxima. - Minha mãe beijou seu rosto e ela sorri, mas já sentia sua dificuldade de respirar.

Ela agradeceu e puxei correndo pro meu carro. Bruna foi dirigindo e eu atrás do lado dela, que agora já tossia e estava tonta, toda inchada. Assim que chegamos eu agradeci por estar meio vazio e fui pra dentro com ela, que foi atendida rapidamente por suspeitarem de reação extrema, o que me preocupou. Bruna foi fazer a ficha dela e eu entrei, já fomos atendidos por um médico. Havia levado ela até o hospital que eu ia, apesar de não ter colocado ela no meu plano de saúde. O médico conversou com a gente e encaminhou pra uma sala onde ela foi medicada via soro, aos pouco ia melhorando, conforme passados os minutos, mas ela ainda estava sem ar e colocaram oxigênio nela, que me olhava com os olhinhos aflitos e desesperados. Sabia que ela não se sentia bem naquele lugar e era bem insegura. 

- Me desculpa, esqueci de falar pra ela. - Disse acariciando seu braço livre já que estava sentando ao seu lado. 

Ela balançou a cabeça e acariciou meu rosto já que não podia falar por causa da máscara. Ficamos duas horas ali, até ter certeza que havia acabado. O médico passou e nos deu alta, mas avisou que ela tinha dado sorte, talvez por estar em pequenas quantidades, por que geralmente quem tem pela segunda vez é pior.

Saímos andando devagarinho, com ela descansa, estava envergonhada, mas mais pela minha família que por estar sem os saltos. Encontramos Bruna sentada na recepção e já era quase 01h00. Ela se levantou e veio na nossa direção. 

- Você está bem? 

- Sim, obrigado, por vir até aqui. - Minha princesa abraçou ela e eu fiquei bem feliz. 

- Posso dirigir agora. - Disse. - Vou deixar você em casa e ir dormir com a Liz. 

- Não, amor. Fica na casa da sua mãe, acabou de chegar de viagem. - Liz falou enquanto eu abria a porta do carro pra ela e Bruna observava entrando já. 

- Não, não vou te deixar sozinha doente. Uma gripinha e eu arrumava uma maneira de dormir com você quando era casado e agora não vou? - Perguntei já dando partida.

- Liz, minha mãe não vai se importar. Você pode ter outra reação também.

- É claro, não tem nem o que discutir. - Falei. 

Fomos em silêncio pra casa, fora os momentos que paramos no sinal e eu sorria pra minha neném ao meu lado e Bruna tagarelava algo no fundo. 

No caminho parei numa farmácia pra comprar um antialérgico que ela tomaria essa semana e pedi pra Bruna descer comigo. Fomos tão rápido que nem trocamos uma palavra. Enquanto eu pagava, ela pegava e logo voltamos pro carro.

Chegando em casa eu desci e pedi pra Liz me esperar ali. Bruna ficou com ela e eu subi pro meu quarto pra pegar uma roupa e algumas coisas que ia precisar

Bruna POV. 

- Obrigado por ter ido lá por mim. - Ela pediu assim que Luan saiu. 

- Não tem nem por que Liz, você está com o meu irmão, ele estava nervoso e eu faria isso por qualquer pessoa que fosse importante pra ele. 

- Bruna, estou feliz, mesmo que você esteja aqui. Eu sei que não é bem como seus pais e você querem, mas eu queria que tudo fosse diferente. Eu sinto muito por tudo que eu causei, mas não me arrependo. Eu amo seu irmão, muito. Como nunca amei outro alguém. E tudo que eu mais quero é que ele seja feliz. Até incentivei ele a tentar de verdade no casamento, quando ele me procurou na lua-de-mel, por que achei que fosse o melhor para ele. Mas eu desisti que tentar me enganar, eu sei o que ele sente. 

- Você não tem mesmo que se arrepender. Eu também fiquei meio relutante com essa história, mas já que vocês estão firmes, é isso que querem, estão felizes, não tem mais por que lutar com isso. - Disse. - Eu tinha outro pensamento sobre você, mas você é tão delicada, tão agradável, que não tem como não gostar. Sei que meu irmão está feliz, você faz ele feliz, dá pra ver no olhar dele. É só questão de tempo, eu disse pro Luan. Meu pai vai perceber isso também. E vai se arrepender do que está fazendo com você. Ele só esta conseguindo arrumar uma briga com meu irmão. 

- Eu não queria isso, sei como vocês são tudo na vida do Luan, mas seu irmão é cabeça dura. 

- Vai passar. Continue fazendo meu irmão feliz que é isso que importa e é isso que vai mudar tudo. - Olhei sorrindo. - Sabe, antes dele te conhecer, muitas coisas aconteceram na vida dele. Ele era uma pessoa que você via que tinha um peso em suas costas. Ele amava o trabalho, amava a família, mas não era feliz. Era alegre, mas isso que a gente vê quando ele está com você é diferente. Hoje eu reparei como se ele tivesse um motivo maior pra viver agora, e esse motivo é você. Então se considere amiga da cunhada por favor! - Rimos e ela me abraçou meio de mal jeito por estar no carro. - Olha, isso é inédito por que eu nunca gosto das namoradas dele. - Rimos novamente. - E eu tenho que dizer que amei seu vestido menina. E esses brincos também. 

- Obrigado. - Ela falou tímida. 

- O Luan que te deu? - Perguntou olhando de perto os brincos. 

- Foi quando a gente brigou. A nossa primeira briga de verdade. - Rimos. - Ele tentou me comprar Bruna, seu irmão não presta. 

- Quero um desse tambem, vou brigar com ele pra ver se ele me dá algo assim. - Falei brincando por que percebi que ela ficou sem graça e ri. - Aceita ser comprada, ué. É assim que a vida funciona. - Disse brincando.

- Nem brinca com isso. - Ela riu.

- Vai ficar tudo bem Liz. 

Liz enxugou algumas lágrimas e Luan apareceu do nada, nos assustando. 

- O que foi? - O apaixonado já perguntou assustado. - Bruna, o que você disse? 

- Nada. - Falei rápido. - Calma. A gente só estava conversando. 

- É emoção amor. - Ela falou rindo.

- Tem certeza? 

- Sim. 

- A minha mãe quer te ver, vem. - Ele abriu a porta pra ela e saiu. 

Sai atrás e quando cheguei minha mãe já arrastava ela pra cozinha. Luan estava na sala e me olhou curioso. 

- Você ama mesmo ela não é? 

- Sim, acho que só não me casei ainda por que acho que ela é nova demais. 

- Quando você se apaixona fica assim pirado. - Rimos. - Eu estou feliz por você, e quero me aproximar dela, conhecer a casa de vocês.

- Gostou dela mesmo? 

- Ela é tão boa que chega a me irritar. - Falei brincando e ele riu. 

- Eu queria mesmo que vissem isso. 

- Não vai ficar evitando nossa amizade né? 

- Não, só não esquece que ela não é solteira igual você por favor. - Disse me olhando sério. - É nem descabeçada, ela é direita. 

- Eu também sou direita. - Ri. - A gente só vai sair pra se divertir um pouco, beber algo, sei lá. 

- Não, que beber o que…

- Luan, você não deixa ela beber? - Perguntei séria.

- Ela não bebe Bruna, olha que menina mais delicada. - Sorriu apaixonado. - Só bebeu algumas coisas comigo, do meu copo e olhe lá ainda. Ela não serve pra isso. 

- Essa menina está começando a ficar boa demais pra ser verdade. - Disse entrando mais e saindo até o sofá tirando o sapato. - Você inventou ela? - Ele riu revirando os olhos e saiu de volta pra cozinha rindo de mim. 

É, Liz havia realmente me surpreendido essa noite. 

Então agora eles tem mais uma aliada... Hahaha 

Desculpem a demora, tive um problema e não consegui escrever. 

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