55º - Você vai conquistar sendo você mesmo.

Luan POV.

A semana de folga foi bem tranquila, apesar de ter reunião sobre a separação e o papel já ter saído. Meu advogado achou melhor que eu levasse pra Paula assinar, disse que ela me amava e isso podia ajudar a convencer ela e seria melhor pra todos.

Imediatamente fui dirigindo até o consultório médico dos pais dela, já que com certeza a encontraria lá. Havia algumas pessoas na sala de espera, mas razoavelmente estava tranquilo. A secretaria assustou quando me viu e me levou pra uma sala de apoio ali. 

- Preciso falar com ela. - Anunciei logo. 

- Tudo bem, ela está terminando a consulta, espera aqui que eu aviso quando o paciente sair. 

Me sentei no sofá e fiquei esperando por séculos até alguém vir falar algo. Quando estava quase desistindo fui chamado pela secretaria dela e segui até sua sala. 

Paula estava de costas, virada pra grande janela de vidro, de braços cruzados. 

- O que você quer aqui atrapalhando meu trabalho?

- Apenas conversar com você. - Disse me aproximando. - O melhor pra nós dois. 

- Diga logo o que você quer? - Se virou bem séria e eu fiquei com receio de que não fosse assinar. 

- Eu estou vindo do escritor do meu advogado. Ele me deu os papéis da separação. Achei melhor trazer pessoalmente, do que mandar pelo correio. 

- Que delicadeza da sua parte. - Ela disse sorrindo com bastante ironia. - Deixa aí em cima que eu vou pensar no seu caso quando tiver um tempo. - Falou sentando e começando a digitar algo no computador. Então eu respirei fundo. 

- Paula, por favor. - Sentei na sua frente. - Nós dois precisamos seguir em frente, eu quero que você seja feliz, encontre alguém que goste de você. Eu quero ser feliz. 

- Eu não vou te dar esse gosto. - Ela se virou pra mim. - Não vou te dar o divórcio pra você correr pra aquela garota.

- Eu já estou com ela, com o divórcio ou não, isso não vai me impedir. Mas se você não assinar a gente pode continuar gastando dinheiro com advogado é tempo das nossas vidas, massacrando ainda mais nossos sentimentos e se magoando, por que eu vou consegui de qualquer maneira no litigioso. Você não pode deixar nossa vida se exposta assim, eu sou uma figura pública Paula.

- Engraçado que pra sair com a Liz você não era uma figura pública. 

- Eu já tinha saído de casa. Você vai querer mesmo expor a gente? 

- Não temos um história pra expor Luan, temos alguém que casou por interesse e outro alguém que se casou por amor. 

- Por favor Paula, pelo amor que você acaba de dizer que tem por mim, assina e deixa as mágoas acabarem aqui. A gente nem tem filhos, é só assinar. 

- Sinto muito, mas você vai ter que se expor querido. E está gastando meu tempo com isso. - Disse levantando com toda a calma do mundo e apontando pra porta. 

Levantei com ela e fiquei cara a cara. 

- Isso só vai fazer eu sentir mais raiva de você do que eu já estou.

- Eu fiz tudo por amor Luan, você nem devia ter raiva. - Falou bem fria. 

- Bom, se é assim, eu também fiz tudo por amor. Você não tem motivos pra não assinar. 

- Fui traída. 

- Não, só é traído quem um dia teve a pessoa de verdade. Você nunca me teve e sabe disso. 

- Eu não vou ser convencida dessa maneira. 

- Você quer brigar de verdade? - Disse. - Então a gente vai brigar. Está preparada? Já se reuniu com seu advogado?

- Não tenho medo de você. 

- Não precisa ter. Só estou pedindo o divórcio. A gente não pelo que brigar no litigioso, não temos filhos. No final vamos acabar da mesma maneira. - Joguei o envelope em cima da mesa. - Acho bom você assinar isso. - Apontei e sai batendo a porta com força. 

O fim de semana passou sem grandes surpresas e Liz estava quase entrando de férias, então prometi que a semana toda daria atenção pra ela, a começar por levar ela até meu show no fim de semana seguinte. Também estava com uma ideia de levar ela pros meus pais “conhecerem”, até por que meu pai só tinha visto ela dois segundos. Tinha esperança que isso fosse mudar a atitude dele, e que Paula ao me ver firme com ela, assinasse os papéis. 

Ainda no sábado avisei ela pelo telefone do que faria. Não preciso dizer que Liz quase surtou e entrou em pânico, mas convenci que aquilo era importante pra nós, e convenci que ficaria tudo bem. 

Assim que cheguei em casa na segunda-feira de manhã e tomamos café em família eu tratei de avisar. 

- Vocês têm compromisso hoje?

- Não filho, por que? - Minha mãe questionou e meu pai e Bruna concordaram. 

- Queria fazer um jantar. 

- Jantar? Pros amigos? - Minha mãe estranhou. 

- Sim. Pra nós e mais uma pessoa. 

Meu pai olhou estranhando e eu so questionei se todos estariam ali e recebi a resposta que sim. 

- E o que eu preparo? 

- Nada demais mãe, comida caseira, uma massa talvez. Nada de comida japonesa. 

- Tudo bem. - Ela sorriu meio nervosa. 

Dormi um pouco e almocei, depois sai novamente, avisando que voltava logo. Pretendia me arrumar em casa pra ter certeza que eles não boicotariam o jantar. Não que imaginava isso da minha família, mas na situação atual, todo cuidado é pouco e não queria que Liz se sentisse mal, então preferi pegar todo mundo de surpresa com a identidade do convidado, apesar de ouvir os sussurros pela casa de desconfiança. 

Liz como sempre me recebeu com alegria e carinho, beijando meu rosto com delicadeza e perguntando sobre meu fim de semana. Dividi com ela alguns fatos que aconteceram enquanto comia sua sobremesa, alguns brigadeiros que ela milagrosamente havia guardado pra mim, mas ainda roubou alguns. 

- Estou bem nervosa. 

- Não precisa ficar minha neném, vou estar com você. E se algo der errado, lembre-se que eu te amo e basta. 

- Você não está ajudando amor. - Ela disse rindo. - Fui no shopping com a Aline e a Luiza, e comprei duas roupas, você me ajuda a escolher? 

- Ajudo se você desfilar pra mim. - Disse mordendo o docinho. - Isso aqui é muito bom.

- Demais. - Ela disse pegando o último pra ela e eu protestei, e ri, beijando o canto da sua boca com delicadeza. 

- Vai desfilar vai. - Disse me levantando e esperando por ela no sofá enquanto via o livro que ela estava lendo. 

Logo escutei som de passos de salto e ela apareceu toda linda, mas bem seria. Usava uma calça justa até o joelho e larga em baixo, é uma camisa feminina com salto alto e fino.

- O que acha? 

- Amor, você está linda. - Me levantei e abracei ela e dei um beijo em seguida. - Mas está muito seria. Você não usa esse tipo de roupa. Seja você mesmo, e se quer usar essa calça, coloca uma blusa mais decotada ou ao contrário. 

- Eu quero parecer séria amor. - Ri do seu desespero. - Preciso conquistar eles. 

- Você vai conquistar sendo você mesmo. - Abracei ela pela cintura. - Uma mulher jovem que não precisa esconder o corpo pra ser séria. Se está com medo de ficar vulgar, você não ficaria nem se fosse pelada. Isso é atitude, você é doce e delicada. Pode usar a roupa que quiser que ficará séria. 

Ela abriu um sorriso lindo e me beijou com amor. 

- Então vou colocar a outra roupa. - Ela riu e saiu andando enquanto eu acompanhava com os olhos. 

Esperei por mais um tempo até ver ela chegar com um vestido preto, regata e de gola alta, que ia até o início do pescoço. Justo no busto, ficava rodado a partir da cintura e não era muito curto, mas não era longo também. Um tamanho ideal. 

- É isso que quero dizer, você está linda. Delicada, comportada, e parece a Liz. - Rimos e ela veio na minha direção me abraçar. 

- Eu te amo.

- Eu te amo mais. 

Não fiquei muito ali e fui acompanhar os preparativos pro jantar. Minha estava claramente nervosa, mas fazia tudo com capricho e cuidado. Logo a casa estava pronta pra receber minha flor. Eu estava vestido pra ficar próximo a ela, com uma calça, tênis é uma camisa de botão. Quando desci, meus pais já estavam na salas minha mãe estava bem arrumada também e meu pai igualmente, e minha irmã não havia descido. Não respondi muitas perguntas e sai em direção a minha segunda casa. Liz me recebeu linda. Bem maquiada, mas sem exagero, com o vestido que eu escolhi. 

- Você está linda. 

- Você sempre um príncipe. 

- Vamos, não queremos chegar atrasados né… - Ri e descemos pelo elevador de mãos dadas. 

O caminho até em casa eu passei tentando fazer com que Liz ficasse calma. Ela também levava dois buquês que flores, pra minha mãe e pra minha irmã e eu fiquei me perguntando por que razão alguém podia não gostar dela. Chegamos logo, e eu estacionei o carro na rua mesmo e abri a porta pra ela, mas fui elevado a carregador de flores, enquanto ela arrumava o cabelo. 

- Liz, está lindo princesa. 

- Sua irmã é linda Luan, eu preciso ficar ao menos bem produzida. - Ri dela enquanto ela terminava e depois pegou uma das flores, arrumando a alça da bolsa no ombro e me dando a mão. Também usava os brincos que havia lhe dado, o que dava um ar mais lindo ainda pra ela. 

Só soltei sua mão pra abrir a porta e fechar, mas não encontrei ninguém. 

- Mãe, pai, Bruna? - Chamei entrando um pouco com ela na sala enquanto esperava que eles não tivessem sumido. 

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