51º - Ele não pode me comprar.

Uma semana depois...

Voltar pra casa sem ela foi arrasador. Eu estava dormindo no apartamento desde que me separei pra desespero dos meus pais. E fiquei mais uma semana lá.

Depois que voltei dos show do fim de semana seguinte ao dia que Liz me dispensou da casa da amiga, eu me enterrei lá e não sai mais. Já era quarta-feira e não tinha visto meus pais e nem atendi eles. 

Preferi ficar jogado sem fazer nada, só sentindo a dor da perda da minha menina e tentando chegar a uma maneira de arrumar aquela merda toda, mas não consegui. Mas não era a primeira vez que sofria por amor e quis colocar na cabeça que ia passar, sempre passou, mas acho que dessa vez seria diferente. Passou por que não amei ninguém como amava Liz. 

Escutei a porta abrir saindo do meu transe e levantei rapidamente. Ela devia ter voltado, mas assim que os passos de apertaram e eu dei de cara com o Marquinhos eu desanimei. 

- É você. - Disse voltando a deitar. 

- Não é a Liz, sinto muito. 

- Quem disse que eu estava esperando por ela?

- Vai dizer que não? 

- O que você faz aqui? Veio encher o saco? 

- Seus pais me ligaram, estão morrendo de preocupação com você. Você devia atender eles. 

- Pra meu pai vir falar como que entrar com os papéis do divórcio é um erro? 

- Pra dar notícias. Sem contar que está mais magro. - Ele foi abrindo as janelas e eu me envolvi na coberta. - E virando um Drácula. 

- Nossa… 

- Esse apartamento está um lixo também. Tudo jogado por aí Luan. 

- Pode limpar se você está incomodado. 

- Não vem sendo grosso não que eu estou tentando ajudar. 

- Desculpa! - Disse mais rápido. 

- Alguém tem que limpar isso. - Ele disse pegando algumas roupas. - Vocês não têm empregada? 

- Não, Liz cuidava de tudo. 

- Vou ver de chamar alguém pra ver o que fazemos com essa bagunça. 

- Deixa assim boi...

- Até deixava se você não estivesse alojado aqui né Luan. - Ele sentou no sofá do lado e ficou me olhando. - Eu entendo que você esteja sofrendo, mas ficar aí parado se afundando não vai resolver.

- E eu vou fazer o que? - Perguntei impaciente. - Vai passar cara, só me deixa quieto agora. 

- Não, você precisa reagir. Passou uma semana assim, está bom já. 

- Marquinhos me deixa vai! - Reclamei e seu celular tocou. 

- Oi tia. - Ele atendeu me olhando torto. - Já cheguei, estou aqui com ele. Ele está bem, vamos almoçar aí. - Fiz sinal que não ia. - Vamos, isso, daqui a pouco. Beijos. 

- Eu não vou. - Disse assim que ele desligou. 

- Vai sim cara. - Ele voltou a juntar as roupas. - Vou chamar uma diarista pra limpar isso aqui, o prédio tem indicação. Vamos almoçar lá e se você quiser volta a se enterrar aqui. Vou lá embaixo ver. 

Deixei ele falando sozinho, e continuei olhando a TV, até que ele desistiu de mim e desceu. Mas voltou logo depois. 

- Vamos logo vai, tomar um banho e sair daqui antes que ela chegue. 

- Eu não vou… 

- Fica aí então é deixa a empregada te ver. - Bufei e levantei indo pro banheiro. 

Quando menos vi estava na casa da minha mãe com ela me apertando sem parar. 

- Não faz mais isso… 

- Não exagera mãe. - Disse. 

- Vem comer, está pronto. 

Ela me puxou pra cozinha e eu me senti melhor ali, comi e até ri com eles. Eu voltaria pra casa logo, só mais um pouco lá no apartamento e depois não sabia o que faria. 

Meu pai chegou logo, se sentou pra tomar café da tarde com a gente depois de me abraçar. 

- Quando você estiver melhor, você avisa. - Ele falou. - Preciso resolver suas coisas, ver o que você vai fazer. 

- Pai… Eu vou me separar. Já deu entrada nos papéis? 

- Não, você sumiu. - Dei de ombros. - A gente precisa conversar. 

- Amarildo, agora não. - Minha mãe pediu, possivelmente com medo de eu sair bravo. 

- Depois vamos conversar. 

- Tudo bem pai. 

Voltamos pra casa anoitecendo e estava tudo certo, arrumado. Fazia um tempo que não via o AP daquela maneira, eu realmente tinha revirado ele e a moça havia feito um trabalho e tanto. Só queria que Liz estivesse ali. Mas Marquinhos tinha razão, era hora de reagir e eu precisava fazer algo. Dessa maneira passou o fim de semana e enquanto eu fazia show, programava tudo. Pedi ajuda da Arleyde pra uma das coisas que precisava e ela me ajudou meio relutando, mas no fim deu certo. Depois eu precisei de bom gosto, o que foi bem fácil já que assim que entrei na loja com Rober no shopping numa cidade do interior de SC, eu vi que aquele vestido ficaria perfeito nela. Agora ela só precisava ir. 

Liz POV. 

Deixei Luan ir embora com o coração apertado. É claro que eu não queria aquilo, mas eu não podia deixar ele falar daquela maneira comigo, vir atrás e ficar tudo bem. Eu tinha que ser forte e me valorizar, por que até agora a única coisa que ele fez foi usar o dinheiro pra me manter em SP como amante, por que quem enfrentou tudo mesmo fois só eu. Eu não podia permitir aquilo, tinha amor próprio, e cresci. Não era mais uma criancinha e por mais que amo Luan, ele tinha que saber disso. 

Aline, minha amiga, me recebeu muito bem. É claro que não me sentia perfeitamente a vontade, mas eles me ajudaram muito. Eu estava bem ali, pelo menos por enquanto. Seu pai até me arrumou um emprego como sua secretária. 

Eu ia ficar bem, precisava. E guardaria no peito aquele amor à sete chaves. Não queria amar o homem de outra pessoa. 

Estava com Aline vendo TV quando Laura, a empregada da casa, me trouxe uma encomenda. Uma caixa bem grande vermelha. 

- Nossa amiga, o que é? - Aline perguntou vindo por meu lado. 

- Não sei, mas só pode ser coisa do Luan. - Disse já rezando.

- Abre logo! 

Tirei a tampa e encontrei um vestido lindo, todo rendado, justo na cintura e nos seios, depois rodava um pouco, bem minha cara, bem delicado. 

- Ele só apronta comigo. - Disse pegando a peça e colocando sobre o colo. 

- Tem um cartão. - Aline me estendeu pegando preso a tampa. 

- Deixa eu ver… 

Peguei com calma e abri.

“Em nome de todo o ano que passamos juntos, você não pode me negar um jantar. Esteja pronta ás 20h00. Um beijo, Luan.”

Li em voz alta pra minha amiga que nessa altura do campeonato já sabia também sobre nossa história. 

- Você vai? 

- Não. - Disse séria. - Cansei dele achar que pode me comprar com presentes, com o dinheiro dele, não é isso que eu quero. 

- Quer atenção, carinho e que ele assuma você. Ele vai te levar pra jantar! - Ela disse como se aquilo fosse óbvio. 

- Dentro do nosso apartamento. - Retruquei. - Ele é previsível.

- Para de implicar. 

- Não, não estou implicando não. É verdade. 

Ela pegou a caixa da minha e virou sem querer, acabou caindo uma caixinha de joias. Ela me olhou de boca aberta e eu revirei os olhos.

- Ah não, mais essa? 

- Abre logo! - Ela me deu e eu olhei feio pra ela. 

- Eu vou devolver. 

- Claro que não vai. Abre logo. 

Abri a caixinha dando de cara com dois brincos delicados e lindos, de pedras brilhantes e cheias de vida. Deviam valer uma fortuna. 

- É a primeira joia que ele te da? 

- Não, ele me deu um colar já. Mas nada como isso, é lindo. 

- Lindo é pouco.

- E caro. 

- Sim. Eu tenho um que meu pai me deu, não se compara a esse, mas não foi barato, imagina esse. 

- Eu não gosto disso. - Disse fechando a caixa e guardando junto com vestido. - Ele fica tentando me comprar. 

- Não encara dessa forma. Ele está querendo te mimar. 

- Comprar. - Corrigi ela. - Ele não pode me comprar.

- Você vai?

- Não. - Ela me olhou feio. - Não sei, não fica me olhando assim.

Muito amor por vocês! haha
Liz está magoada, tadinha... Mas o amor sempre vence! Ela vai ou não, apostas! 
Pra quem perguntou quanto tempo vou ficar fora, só vou resolver um probleminha na capital e volto logo, só o fim de semana. Mas vou tentar deixar programado os capítulos, então nem vão sentir minha falta... haha

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