50º - Você quer que eu acredite nisso?

Toquei o interfone meio nervoso. A rua estava bem movimentada e eu fiquei com medo de dar algum tumulto, mas uma mulher me atendeu. 

- Eu queria falar com o Lucas. 

- Quem gostaria? 

- Luan, diz que sou primo da Liz. 

Ela demorou um pouco e ele veio me atender no portão, assustando um pouco comigo ali. Estendi a mão e ele pegou meio relutando. 

- Posso falar com você? 

- Se veio saber da Liz…

- Ela está aqui? Estou procurando ela faz uma semana, desesperado. Eu morro se acontecer algo com ela. 

Ele me olhou por um tempo e me deu passagem. 

- Minha mãe vai surtar.

- Não tem problema. - Ri fraco. 

- Você está abatido. - Ele comentou. 

- Eu mal estou dormindo, sem saber onde essa menina está, ela está me enlouquecendo. - Sentamos no sofá. - Você sabe onde ela está?

- Vou te falar por que sei que vai ser melhor pra ela, por que por mim… Ela veio aqui no dia que brigaram. E me contou tudo que aconteceu.

- Então você sabe? E se ela veio aqui você sabe onde ela está? - Abaixei a guarda, precisava dela

- Sei. Ela contou sobre o relacionamento de vocês, sobre a emancipação e tudo mais. Estava bem chateada, e eu mesmo aconselhei ela a voltar pro Rio de Janeiro. Eu não tenho nada com isso, mas ela é uma menina muito pura, delicada, e minha vontade era ir atrás de você e arrumar uma briga feia. O que você falou pra ela… 

- Eu sei, mas eu queria pedir desculpas. Eu sou louco por ela, e quando eu fico com ciúmes eu fico louco, eu não respondo por mim. E tinha muitas coisas na minha cabeça, os problemas com o casamento, eu surtei e descontei tudo nela por coisa tão boba. Mas eu voltei pra procurar ela, e ela já tinha saído. Eu procurei ela a noite toda, voltei pra casa e pedi o divórcio. 

- Ela vai ficar feliz. 

- Eu já devia ter feito isso faz muito tempo. Nem devia ter casado. E desde lá eu fiquei procurando ela, e fui até no Rio. 

- Ela veio aqui por que era perto e não tinha muito dinheiro pra pagar o táxi. Eu perguntei o que ela ia fazer, por que ela é muito dependente de você. Ela disse que estava tomando coragem pra ligar pro pai e pedir pra continuar aqui, pra ele ver as coisas da escola, um apartamento e tudo mais. Mas ela queria se virar sozinha, arrumar um emprego ou coisa do tipo.

Isso realmente me fez perceber que ela não era mais a menina que eu pensei. Já tinha muita maturidade e podia tomar decisões. Eu teria que tratar ela diferente agora. 

- E onde ela está agora? 

- Foi viajar com uma amiga nossa que convidou ela, eu mesmo levei ela até a casa da Aline. Ela estava lá no dia que nos conhecemos, no mesmo dia. 

- Eu me lembro. Elas já voltaram?

- Voltaram hoje. 

- Você pode me dar o endereço?

- Meu Deus! - A mãe dele apareceu na sala e nós dois começamos a rir. - Não acredito! 

Estava bem mais tranquilo, só de saber que ela estava bem. E também entendi sua atitude, apesar de um pouco infantil, ela não era obrigada a me dar satisfação depois do que eu fiz. 

- Vou pegar o endereço. - Ele riu saindo e eu fiquei conversando com a sua mãe.

Ela me ofereceu suco e bolo e eu aceitei, pra ser educado. Sentei com ela e ele não aparecia nunca, mas ela era uma boa companhia. Minha fã desde o começo da carreira e não era pouco já que eu já tinha feito 10 anos de estrada. Até contou que conheceu Liz e havia ficado encantada com a simpatia da minha menina. 

- Até disse pra Lucas que adoraria ela com nora. - Falou inocente e eu ri, me sentindo um pouco incomodado com a ideia mas era só uma fala de alguém por fora da situação. 

- Mãe, por favor, não… - Ele apareceu bem na hora rindo e me pediu desculpas estendendo um papel. - Ela não quis dizer isso… - Riu sem graça. 

- Tudo bem, eu entendi. - Ri. - Liz é a nora que qualquer mãe pediu a Deus. - Ri falando pra ela. - Eu agradeço mas preciso ir. 

Me despedi deles e sai, indo direto pro endereço, que ficava num condomínio perto do meio, um pouco longe do bairro da escola. No caminho lembrei de agradecer a Deus ela não ter ido se esconder na casa de Lucas. 

Assim que me identifiquei me toquei que ela podia barrar minha entrada, mas pra minha surpresa isso não aconteceu. O porteiro me indicou o caminho e eu estacionei numa casa até que meio parecida com a minha, bem grande e também chique. 

Desci do carro talvez com um pouco de receio e quando ia bater à porta, Liz abriu ela com uma cara de poucos amigos. 

- O que você está fazendo aqui?

- Vim atrás de você. - Disse meio sem saber o que fazer. - Pelo amor de Deus, você me enlouqueceu. Eu pirei atrás de você. - Levei minhas mãos na cabeça. 

- Já acabou o discurso? - Ela disse cruzando os braços. 

- Eu não vim aqui pra te dar bronca Liz. - Respirei fundo. - Preciso falar com você, conversar. 

- Vamos dar uma volta, não vou discutir com você na frente da casa da minha amiga. 

Deixei o carro ali e segui com ela em silêncio até um parquinho infantil que havia ali. Não tinha crianças, nem ninguém, só alguns bancos vazios, e então sentamos neles. 

- O que você quer? - Ela tinha o olhar frio.

- Primeiro de tudo quero saber se você está bem. 

- Estou. 

- Ok, agora eu quero pedir perdão por tudo que eu fiz. - Falei devagar meio envergonhado. 

- Meio tarde né? 

- Eu voltei pro AP naquele mesmo dia, mas o porteiro disse que você tinha acabado de sair. Me arrependi no mesmo instante. Não te acho nada daquilo, e nada do que eu disse é realmente sério. - Peguei em sua mão. - Eu te amo muito, só Deus consegue medir. É por causa de ser casado, saber que você tinha motivos pra ir embora, eu sai de mim. 

- Está desculpado Luan, mas você acha que pode vir aqui e falar isso é ficar tudo bem?

- Liz, eu quero começar de novo. Esses dias sem você foram horríveis pra mim. Eu chorei muito, eu acho que emagreci, eu nem dormi, e comi quase nada. Não conseguia pensar em nada mais além de estar com você de novo. - Sequei uma lágrima. - Foi perturbador, não saber onde você estava, se alguém tinha te feito mal, se você estava com frio ou comendo. Eu percebi que não posso viver sem você. 

- Eu também te amo Luan. - Ele disse me olhando como se nada do que eu falei mudasse nada. - E essa semana foi bom pra mim, pra ver que eu não posso mais com a vida que a gente estava levando. Pra mim deu. Estava desculpas, mas chega. 

- Não. - Disse sem saber o que fazer. - Eu me separei. - Sorri. - Eu falei com ela, eu gritei com ela e com todos. Disse que não estou nem aí, não importa mais, eu vou ficar com você.

- Luan, por favor! - Ela riu de levantando e balançando a cabeça de um lado pro outro. - Você quer que eu acredite nisso? 

- É verdade Liz! - Disse sério, sem saber o que fazer pra ela acreditar em mim.

- Você nunca vai me assumir pra ninguém. Pode me amar como for, mas eu não sou mais boba. - Me olhou sério. - Pra você o nosso amor é sério, bem sério, dentro do apartamento. 

- Não… - Eu tentei explicar mas ela me cortou. 

- Sinto muito a semana que perdeu comigo. Sinto de verdade, e me desculpa. Eu sei que minha atitude foi ridícula, mas eu vou ficar sozinha a partir de agora. - Ela respirou fundo. - O pai da minha amiga me arrumou um emprego na empresa dele, ele está precisando de uma secretária meio período. Vou ligar pros meus pais, contar tudo e pedir pra eles verem um lugar pra mim morar e pagar minha escola. O resto eu me viro, e vou viver assim. Não preciso de você, do seu dinheiro ou dos seus cuidados. Não que esteja desprezando, nunca. Você foi bom comigo, mas enquanto a gente estava bem era uma coisa, não vou mais ficar com você, só por que não tenho pra onde ir. - Ela me jogou na cara o que eu disse durante nossa briga e eu não sabia nem como argumentar. 

- E… 

- Você vai voltar pra casa da sua esposa e vai me deixar viver em paz. 

- Eu não posso Liz. 

- Você pode, foi isso que você fez até agora. - Ela falou tão firme que nem reconheci, não tinha nada haver com a minha menina. - Agora vai embora. 

- Não, me deixa fala uma coisa… - Me levantei pegando nos seus braços com calma.

- Melhor você ir antes que eu chame os seguranças. - Ela falou bem séria e eu soltei, chorando bem mais que antes e levando as mãos no rosto. 

Resolvi que era melhor fazer sua vontade, e caminhei de volta pra onde estava o carro olhando pra trás, mas ela estava lá, sem demonstrar um pingo de dor ou arrependimento. 

O blog está de cara nova pra comemorar nosso capitulo 50! hahaha Vocês gostaram? Não acharam muito morto não?

Estou muito feliz com os comentários de vocês, serio... Amei cada um deles e vocês podiam ser assim sempre, cheias de opiniões, ideias, chutes e tudo mais... Só não postei capitulo brinde por que vou viajar no fim de semana e tenho que adiantar capítulos pra vocês não ficarem sem...

Posto hoje ainda depois de 16 comentários. ♥