41º - Vai ficar marcado neném...

Acordei mais cedo que Liz, que estava jogada na nossa cama enrolada no lençol e dormia sorrindo. Dei um beijo na sua testa e olhei o relógio. Era 10h00, então decidi procurar minha cueca pra fazer um agrado pra ela e ir até a cozinha arrumar um café pra nós. Ela tinha comprado algumas frutas e pãozinhos de leite, então fiz um lanchinho com requeijão, coisa que ela gostava muito, e também com outras coisas que eu gostava também, já que ela sabia meus gostos. Lavei alguns morangos e peguei um suco que tinha no meio das compras. Não podia dar errado, podia? Escutei meu celular tremer no balcão assim que fiz menção de levar tudo pro quarto e atendi, vendo que era do consultório. 

- Bom dia meu amor. - Paula disse. 

- Bom dia. - Disse. 

- Você está aí ainda? Dormiu bem? 

- Dormi, eu acabei de acordar. Vou ficar aqui até a tarde eu acho, depois vou pra casa antes de você chegar. Pode ser?

- Claro. Estou com saudades. 

- Eu também estou querida. 

- Eu estou trabalhando muito não é?

- Eu entendo, é seu sonho. Estou feliz por tudo que você conquistou. - Falei bem sincero até. 

- Conquistei você também, e esse era meu maior sonho. 

- Conquistou. - Falei me sentindo um pouco mal. 

- Tenho que ir, chegou meu paciente. 

- Vai lá cuidar do coraçãozinho dele. - Ri. 

- Prefiro cuidar do seu. - Ela riu e logo desligou se despedindo. 

Peguei primeiro o suco e coloquei no criado-mudo, depois voltei pra pegar as demais coisas e coloquei sobre o prato junto com o suco. Acordei Liz com beijos no rosto todo e ela sorriu. 

- Bom dia. 

- Bom dia princesa. - Beijei sua testa. - Trouxe café. - Disse me ajoelhando ao seu lado e pegando os dois pratos. 

- Nossa que delícia amor. - Ela me olhou sorrindo e se sentou, cobrindo seu corpo nu com o lençol. - Você viu sua camisa por aí? - Riu corando. 

- Até vi, mas prefiro você assim. - Sorri já mordendo um pedaço do meu lanche. 

- Estou feliz. - Ela disse sorrindo pra mim. 

- Eu também, nossa, não dormia assim fazia tempo, que gostoso amor. - Falei comendo. 

- Come primeiro e fala depois, ou vai engasgar.

- Que besteira mamãe. - Rimos. 

- Não é besteira, estou cuidando de você seu chato. - Ela riu acariciando meu rosto. 

- Tudo bem, prometo não falar mais enquanto como. 

- Obrigado. - Ela riu e começou a mastigar enquanto comia. 

- Que horas seus pais entram no serviço em horário de almoço? - Perguntei e ela me olhou estranho. 

- As 11h30.

- Bom, quer ligar pra eles? 

Ela me olhou pensativa. 

- Quero, mas estou com um pouco de medo. 

- Bom, não procuraram meu pai surtando, então acho que decidiram que você tem o direito de escolher. 

- É, mas e se não quiserem falar comigo?

- São seus pais, eles amam os filhos. 

- O que você sabe sobre isso? - Ela perguntou rindo. 

- Nada. - Ri. - Mas acho que é assim. 

Comemos rindo e depois ficamos mais um bom tempo jogados na cama até dar a hora de ligar para seus pais. Bloqueei meu número e então ligamos do meu. Ela colocou no viva voz e percebi que estava bem nervosa, então dei a mão pra ela. 

- Alô? - Sua mãe atendeu. 

- Oi mãe. - Ela disse é um silêncio ficou do outro lado da linha. 

Ouvimos ela suspirar. 

- Como você está? Ele está cuidando de você? 

- Sim, estou bem. Ele cuida de mim. - Ela sorriu pra mim e eu fiz o mesmo. - Me perdoa. 

- Não devia ter me dado esse susto, mas me descabelar não vai adiantar né… Só não fica mais sem dar notícias. 

- Desculpa, eu estava esperando a gente se mudar. Luan comprou um apartamento, resolvemos esperar ficar tudo pronto e eu me mudar pra depois ligar, ele está aqui comigo agora. 

- E a escola? 

- É perto de casa. Dá pra ir a pé, só atravessar a rua praticamente. Ele cuidou de tudo mãe. 

Observada com cuidado, vendo ela sorrir ao falar de mim. 

- Eu espero que sim. 

- Estou com saudades. 

- Nunca mais vou te ver? 

- Não, vai. Luan prometeu que me leva assim que for pro Rio. Vai me levar com ele, e eu posso ficar em casa?

- Pode, claro que sim. - Ela disse doce. - Seu pai não está aqui, foi pegar uns documentos em casa. 

- Eu ligo outra hora pra falar com ele então. - Ela disse. - Mande um beijo, diz que eu o amo.

- Digo querida. Só toma cuidado em SP, não fique andando sozinha pelas ruas, não confie em ninguém.

- Nem se eu quisesse. - Riu. - Luan fica em cima de mim o tempo todo cuidando. 

- Pelo menos essa obsessão dele por você tem um bom lado. 

- Não é obsessão mãe, é cuidado, amor. Você sabe bem o que é isso. 

- Tudo bem, não vamos discutir sobre isso tudo agora. Eu te amo filha, só quero seu bem. 

- Eu sei que sim. - Ficaram em silêncio por alguns segundos. - Mãe, preciso desligar. Vamos almoçar agora. 

- Se alimenta direitinho. 

- Se cuida, eu te amo. 

Ela desligou e me olhou com os olhinhos molhados. Me abraçou forte e ficou comigo alguns minutos. Fomos interrompidos pelo telefone tocando já que tínhamos pedido comida. 

- Vou tomar um banho rápido. - Ela disse e foi pro banheiro. 

Levantei e fui pegar a comida, com cuidado pra ninguém me ver lá na portaria. Voltei e ela já estava saindo do banheiro e me olhou com um sorriso no rosto, vestida com um vestido leve e de cabelos molhados. 

- Você fica linda assim minha neném. - Disse sorrindo e peguei ela pela mão enquanto me dirigia até a cozinha. 

Fiquei olhando ela comer mais do que comia, ela era encantadora. E eu a amava muito. Estava pra nascer alguém mais louco por outra pessoa como eu por Liz. 

Liz POV. 

Luan não demorou pra voltar a viajar e eu fiquei sozinha de novo, mas aproveitei pra arrumar as coisas da escola, que começaria na segunda-feira. 

O fim de semana passou solitário e eu vi mil filmes nas horas que não estava no FaceTime com o Luan. 

- Você está linda. - Ele me disse sorrindo. 

- Nossa, como você me deixa sem graça. - Ri escondendo o rosto da câmera. 

- Verdade. 

- Não, claro que não. Eu nem penteei o cabelo. Só de lembrar que começa às aulas amanhã. 

Ele começou a gargalhar. 

- Último ano pequena. 

- Graças a Deus né, não aguentaria mais dois. 

- Depois tem a faculdade. 

- Preparado pra me ajudar em química?

- Sim. - Ele riu. 

Foi assim o fim de semana toda, e na segunda acordei com Luan me ligando minutos antes do despertador. 

- Fiquei com medo de você não levantar. 

- Eu to morrendo de sono, estou acostumada a fica de madrugada já né…

- Vamos desacostumar. - Ele riu. - Só queria te desejar uma boa aula, dizer que te amo e estou rezando pra dar tudo certo. 

- O que pode dar errado? - Eu ri. 

- Não sei. - Ele riu. - Mas vou te buscar na saída, aí na frente. 

- Pra atravessar a rua? - Ela riu. 

- A intensão é que vale. Boa aula meu amor. 

- Com sua voz logo pela manhã eu tenho certeza que vai ser um dia maravilhoso.

Fui pra escola meio ansiosa, mas fui recebida muito bem pela turma que já estavam juntos fazia um bom tempo. A escola era bem moderna, diferente do que eu estava acostumada, numa escola muito boa mais bem tradicional. Foi mais um dia de apresentação, mais introdução, mais eu me dei bem no final. Me aproximei de alguns amigos, um grupo de quatro pessoas que menos conhecendo pouco achei incríveis, bem diferentes, e com costumes diferentes de mim, a carioca. Falei muito sobre o Rio e evitei um pouco de falar sobre mim pra evitar algumas perguntas de inicio. Foi um dia bom, eu gostei bastante e sabia que me sentiria em casa ali. 

Assim que sai encontrei Luan parado com seu carro que eu já conhecia. Entrei nele sorrindo e dei um beijo nele, que me olhava sorrindo e me perguntou sobre a escola. Já estávamos subindo quando eu ainda estava começando. 

- E os professores também são legais. 

- Tudo isso? - Ele riu enquanto levava no elevador minha bolsa e alguns cadernos e nossa comida.

- É bem puxado também amor, vou ter que estudar bastante. 

- Eu te ajudo em tudo, nem se for pra segurar o caderno. - Ele me deu um selinho e rimos. 

Com uma mão só ele me pegou pela cintura e tentou me beijar, mas eu desviei fazendo charme. 

- Estou morrendo de fome. - Disse. 

- Ainda bem que adivinhei. 

Comemos comigo contando sobre a escola e Luan falou sobre seu fim de semana viajando. Contou sobre a mãe de Paula, que agora estava bem e parecia que livre da infecção e bem. Também contou sobre os preparativos pro novo disco é que ia começar a trabalhar bastante e isso não era muito bom pra gente. 

- A gente podia ver um filme, de terror. 

- Não, eu durmo sozinha nessa casa Luan. - Reclamei. 

- Vamos vai, por favor. 

- Tudo bem vai. 

Ele ligou o Netflix e procurou um filme que não tinha visto. Era de um personagem mascarado que estava presente em várias cenas de mortes familiares horríveis, chamado “A entidade”. Eu fiquei com medo e me assustei logo no começo, sentada ao lado dele e comecei a me debruçar e acabei deitada no seu colo. 

- Aí Luan! - Gritei assustada e ele riu. 

- Nem da medo amor. 

- Claro que dá. Tira vai… 

- Não, vamos até o fim vai. - Ele fez bico e eu apertava as coxas dele sempre que me assustava e reclamava em seguida e ele ria. 

- Para de apertar minhas coxas que vai ficar marcado neném. 

Olhei pra ele com cara de surpresa e sorri travessa. 

- Para de olhar assim e assiste o filme. 

Eu ri e então sem ele ver mordi sua coxa. 

- Liz! - Ele passou a mão se assustando. 

- Pra Paula ver que você não é dela. 

- Você não presta né? - Ele riu. 

- Você não presta, é diferente. - Ri beijando ele com selinho e terminando de assistir o filme. 

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