32º - Parece um sonho!

- Liz, por favor, não desiste da gente.

- Não estou desistindo. Me deixa falar.

- Fala. - Respirei fundo. 

- Depois que você foi embora daqui aquele dia, eu descobri que a minha mãe sabe da traição. 

- Como assim ela sabe? - Perguntei ansioso e sem entender. 

- Eu não sei, mas percebi que é isso.

- Liz, ela te falou? 

- Não. Mas é Luan. E eu estou muito decepcionada com tudo isso. É como se não tivesse mais um sentido. - Ela começou  a chorar. - Você sabe que eu sou um pouco sonhadora, que sempre achei que um casamento era um sonho, que as pessoas vivem mais felizes com quem amamos. 

- Você sabe que eu tenho a mesma ideia. 

- Mas eu não sei consigo mais conviver com o casamento de “mentira” deles dois. 

- Tudo bem, eu vou te ajudar. - Abracei ela. - Vamos sentar e conversar sobre o que podemos fazer. Não precisa desistir da gente por isso. 

- Não vou desistir, agora mais que nunca. 

- O que você está dizendo? 

- Que eu quero ficar ao seu lado.

- Eu também meu anjo. 

- Não. - Ela me olhou nos olhos. - Me leva com você. 

- Te levar comigo? - Ela pegou meu rosto e ficou bem próxima. 

Ganhei um beijo delicado e intenso, bem a cara da minha menina. 

- Isso. Com você, eu largo tudo aqui, imagina nos dois juntos. Se vendo muito mais do que agora, só nós dois, sem ninguém pra botar o nariz. - Ela sorria com a testa colada na minha e minha mente foi longe imaginando tudo que ela narrava. 

- Seria um sonho. - Sorri.

- Me leva? 

- Liz, eu não posso, você sabe disso. 

- É, eu sei. Mas agora não. E se eu me emancipar? Tudo muda.

- Amor, deixa eu te explicar uma coisa. - Puxei ela e sentei no meu colo. - Eu adoraria, é meu sonho. Só que seu pai e sua mãe tem que assinar isso. Eles não vão. 

- Eu ameacei meu pai uma vez, eu posso fazer de novo. Ele não percebeu que minha mãe sabe. - Respirei fundo e botei minha cabeça no chão. 

- Você sabe que isso vai te afastar deles? 

- Eu sei, eu sei. Mais não consigo mais olhar pra eles e ver que sabem de tudo e vivem nessa. Como alguém pode viver com outra sabendo que ele trai ela? - Ela perguntou perturbada. - Se bobear a própria Paula sabe disso tudo aqui. 

- Pode ser, mas quem somos pra julgar elas? - Olhei pra ela sério. - É o amor, é isso que as pessoas fazem por ele, loucuras neném. Eu estou aqui, não estou? Posso ser preso, posso perder muita coisa, mas estou aqui. E você, agora dizendo, que abriria mão de seus pais por tudo que eu e você poderíamos ser. São loucuras, é isso que as pessoas fazem por amor. 

- Você faria a loucura de me levar junto? 

- Sim, faria. - Disse olhando em seus olhos. - Temos que pensar bem, você principalmente. Se for realmente isso, eu vou te apoiar, mas me dói falar agora, mas eu não sei se queria que precisasse se afastar de seus pais. 

- É uma escolha minha.

- E eu vou te deixar decidir, mas a minha opinião está dada. Quero que você seja feliz acima de tudo. Meu principal interesse aqui é esse. 

- É muita responsabilidade Luan. 

- Eu sei. Você vai largar eles, é menor. Mas você sabe que eu não vou te deixar sozinha. Ia comprar uma casa aqui certo? Eu compro lá, e cuido de você. Tudo que você precisar eu vou estar lá. Você passa a ser minha responsabilidade e eu não vou fugir minha linda, mas eu sei que você sabe disso. Aliás, cuidar de você é tudo que eu mais quero. 

- E sua mulher? 

- Eu vou ver. - Disse sincero. - Vou ver o que é melhor pra nós dois. Eu não sei se posso me separar, mas pode ter certeza que farei o que for possível. Não quero mais esse casamento tanto quanto você. Não sei com quem posso conversar sobre isso, mas vou pesquisar, analisar e ver o que podemos fazer. - Ela me olhou vulnerável. 

Poucas vezes tinha visto Liz tão frágil. Ela tinha medo, isso era certo é totalmente normal. Me abraçou forte e me aconchegou nos meus braços. 

- Isso, de eu ver sobre o casamento. Muda algo pra você? Interfere? - Perguntei, apertando ela ainda mais a mim.

- Você me promete que vai fazer de tudo? 

- Prometo. Você sabe o quanto eu te quero. 

- Então não. 

Comecei a sorrir automaticamente. 

- Jura mesmo? Meu Deus Liz! - Caiu minha ficha e eu ri alto. - Nem estou acreditando meu Deus… Você pertinho de mim, sem nada pra interferir… Parece um sonho! Por que é mesmo que eu nem pensei em algo assim? Você ano que vem vai passar na faculdade lá mesmo, isso é perfeito!

- Eu estou feliz. 

- Mas pensa direito pequena.

- Eu já tomei a decisão. Mas vou pensar. 

- Vou ir vendo tudo em SP. Assim que tiver a certeza me liga, que eu vou ver um lugar pra nós! - Ri. - Nossa casinha. - Pensei um pouco. - Mas você pode ficar em outro lugar. E escolher a casa comigo! - Me animei. - Você tem que opinar também.

- Pra mim não vai fazer diferença amor, vou estar com você. 

- Deus vai ajudar a gente, e eu vou te recompensar princesa. - Beijei sua testa e ficamos muito tempo abraçados. 

Não fizemos amor naquele dia, apesar de eu estar louco pra isso, pra sentir ela novamente minha. Estávamos felizes, ansiosas e com muita expectativa. Sonhamos muito com nossa casinha e nosso amor, abraçados e encantados. A gente precisava muito desse apoio um do outro, era tudo que a gente precisava naquele momento. Eu faria tudo por ela. 

Liz POV. 

Quando descobri sobre minha mãe, fiquei bem desestabilizada. Tudo que eu queria era sair dali, não conseguia encarar tudo da mesma maneira, e foi aí que tive a coragem pra ir em frente. 

Sentia também que precisava fazer minha parte nisso tudo, e dessa forma podia cobrar a mesma coisa por parte do Luan. Eu, apesar da pouca idade, sabia o que queria e agora estava disposta a mudar de atitude, e enfrentar o que fosse preciso pra isso. Eu sabia que ele também não ia me deixar na mão e sentia seu amor em cada encontro. Eu precisava fazer algo por nós e eu faria. Não estava disposta a perder Luan. 

- Você vai aceitar ter filhos comigo? - Ele disse ainda abraçado comigo e eu ri. 

- Filhos? - Ri. - Você é tão cuidadoso, daria um pai excelente. Mas também, é tão menino que não consigo imaginar algo como você dando broncas. 

- Imagina só Liz, uma bonequinha ainda menor que você toda delicada. 

- Penteando seu cabelo. - Ela riu. 

- Só pode ela e você. 

- Mas você dá um bom exemplo também. - Ela me olhou encantada. - Um menininho bem travesso. - Rimos. 

- Eu não vejo a hora.

- Vamos com calma. - Ri. 

- Você me promete que a gente nunca vai reprimir eles? 

- Nunca. É tão ruim. - Disse sincera.

- Eu não sei como alguém com um relacionamento repreendido como seu pai pode fazer isso com a gente. 

- Vamos esquecer isso e aproveitar estar aqui juntos. 

- Vamos minha princesa. 

Ficamos um tempo conversando e eu me assustei com seu celular. 

- Eu preciso atender. - Ele disse depois que olhou. - Não quero causar desconfianças! 

- Atende, eu vou ao banheiro. 

Entrei no banheiro e respirei fundo. Tinha que aprender a controlar a minha mente e meu ciúmes. Eu tinha tido um dia maravilhoso e não queria estragar isso. Esperei parar de ouvir a voz dele e voltei pro quarto. Ele estava sentado, de costas pra mim, então engatinhei na cama e abracei por trás. 

- Algum problema? 

- Não. - Ele sorrir se virando um pouco. - Tudo bem. 

- Tenho que ir pra casa, já deve ser tarde. 

- Passamos e compramos um lanche no caminho e você como em casa. - Ele olhou o relógio fazendo caretas. - Quase 21h00. Seu pai vai ter um ataque. - Ele riu. 

- Não me importo. - Beijei seu rosto. - Vamos. 

- Amanhã, você volta? 

- Meus país tem algumas cirurgias e vão sair bem cedo e só voltam à noite. 

- Perfeito. - Sorri. - Vou fazer alguma coisa pra gente. 

- Que horas você me pega? 

- De preferência, você pode pegar um táxi? - Ri. - Quanto menos riscos correr agora, melhor. 

- Concordo. - Ri e me levantei, colocando meu sapato e meu shorts jeans. 

- Vem pro almoço, do contrário, vai ficar me vendo dormir. - Ele riu levantando e colocando uma bermuda. - E não é esse meu plano. 

- Nem um pouco. - Eu ri maliciosa e ele ele ficou me olhando encantado. 

- Como posso ser tão louco por você? 

- Isso tudo é saudade! - Disse pegando minha bolsa e saindo em direção à porta. - Já está de roupa amor? 

- Liz, você não quer passar a noite aqui? - Ele disse pensativo enquanto pegava a carteira.

- Não querido, o que você disse sobre dormir para aproveitar o dia amanha? 

- Eu disse isso? - Ele disse fechando a porta do quarto. 

- Eu ouvi meu querido! - Disse jogando o cabelo saindo rebolando em sua frente e ouvindo suas reclamações atrás. 

Aí aí aí viu, como amo esse homem! 

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