31º - Tem a minha resposta?

Luan POV.

Alguns dias depois Marquinho estava no Rio pra mim. Ele mandava algumas fotos de fachadas de casa que cumpria bem minhas exigências, que conseguiu com um corretor de imóveis bem conhecido na cidade. Nada podia sair errado. 

Como minha menina morava na Barra, decidi por algo também no litoral, mas um pouco mais distante como Leblon ou Ipanema, o que dificultou um pouco as coisas, já que esses bairros eram bem concorridos. Escolhi algumas casas bem fechadas e pedi pra eles verem as mais seguras, e nem precisava ser grande já que ninguém planejava morar lá. 

Ele passou então a visitar algumas dessas e me mandar fotos internas, e por fim escolhi uma no Leblon que ficaria bem bonita organizadinha da nossa maneira, segura e pequena. Combinei com eles de pegar a chave assim que pisasse no Rio, e me ajudou que Paula faria uma viagem de ultima hora pra ver os pais, já que sua mãe ficou doente. Ficaria dois dias fora, e era ideal pra mim. 

- Amor, acabei de falar com seus pais. – Ela disse assim que ia sair de viagem no mesmo dia que cheguei.

- Com meus pais? – Perguntei assustado.

- Sua mãe ficou preocupada. – Ela sentou na cama ao meu lado e acariciou meu rosto. – Ela falou pra você ir passar esses dois dias lá.

- Acho que vou pra Londrina.

- Londrina?

- É, estou querendo compor, e gosto de fazer isso lá, sozinho. Às vezes é bom e faz tempo que fiz isso da ultima vez. – Inventei tão rápido que até me surpreendi.

- Tudo bem então, mas passa lá antes de ir. 

- Vou passar depois que te deixar no aeroporto, estou com saudades deles.

- Vou ficar de você. – Ela fez bico.

- Eu também vou linda... – Dei um selinho nela. 

Levei-a ao aeroporto e antes de sair do carro, se despediu com um beijo. Deixei-a no desembarque mesmo, já que não era muito fácil entrar no aeroporto e fui pra casa dos meus pais.

- Acabei de deixar Paula no aeroporto. – Disse enquanto ganhava um beijo da minha mãe. 

- Ela me ligou e falou da viagem. Espero que Carmem fique boa logo. 

- Foi só um susto.

- Não vai pegar suas coisas?

- Vou pra Londrina mãe. – Fiz uma cara pedindo desculpas. – Quero compor um pouco, ficar longe da confusão da cidade.

- Quer que eu e seu pai vamos juntos pra fazer companhia?

- Na verdade, quero ficar um pouco sozinho. – Disse meio baixo, mas ela só assentiu. – Cadê ele?

- Seu pai está lá em cima, tomando banho, chegou mais cedo do escritório. 

Meu pai logo desceu e eu almocei ali com eles. Bruna estava na rua, como sempre. Logo depois dei um jeito de inventar uma desculpa e ir pra casa arrumar minhas coisas. Não peguei muito, só uma mochila, e jurava que pra dois dias era suficiente. Precisava também dar um jeito de passar despercebido no Rio, o que não seria bem fácil, então tratei de ficar num hotel que normalmente ficava pra ver Liz e que eles não vazavam quase nada. Combinei com os pilotos pra ser segredo entre nós também e fui com a coragem.

Assim que cheguei ao Rio no final da tarde, o corretor me esperava no hotel. Dei uma entrada rápida com alguns documentos e segui pro quarto com ele. 

- Seu amigo me disse que é bem sigiloso.

- Sim, muito. – Disse. – Espero poder contar com seu silencio.

- Claro ninguém vai saber.

- Ótimo. – Respirei vendo fisicamente as fotos. – Eu não sei ainda que nome vou colocar, eu não posso ter nada no meu, e menor também não né? 

- Não. Só emancipado.

- Não. – Disse olhando pra ele. – Não é uma opção. Talvez fique no nome do meu amigo. 

- Claro, você quem sabe. Vai querer visitar hoje não é?

- Sim. – Disse. – Só vou ligar pra uma amiga, que vai me acompanhar. Na verdade ela não sabe ainda, e talvez seja uma surpresa, pode esperar um pouco?

- Claro.

Peguei o telefone e fui pra varanda, rezando pra ela atender, o que aconteceu, no primeiro toque.

- Luan? 

- Oi minha princesa. – Disse sorrindo. – Está sozinha?

- Sim.

- Onde?

- Em casa. 

- Estou no Rio. Você não me ligou, tem a minha resposta?

- Tenho. – Senti sua respiração ficar pesada. – A gente pode se ver?

- Sim, podemos. – Fiquei um pouco nervoso e meu coração batia forte. - Na verdade, eu quero te mostrar algo. Te pego em alguns minutos, pode ser?

- Combinado. 

Logo desliguei e voltei pro quarto.

- Ela vai com a gente. – Sorri. – Vamos?

- Vamos. Você me segue? Está de carro?

- Aluguei um, faço muito isso. – Disse pegando minhas coisas e saímos. 

Estava hospedado num hotel perto da casa dela, lugar que sempre ficava. O corretor, que se chamava Carlos, me seguiu até seu prédio e eu parei uma rua antes como sempre. Liguei pra Liz e ela desceu. Entrou no carro sorrindo e me deu um beijo gostoso.

- Vou voltar sempre se for recepcionado dessa forma. 

Ela deu um riso tímido e sem graça e eu tratei de falar logo.

- Quero te mostrar algo, depois você me dá sua resposta.

- Serio?

- Sim. 

Dirigi atrás do Carlos até parar a casa, que parecia ainda mais bonita pessoalmente. Antes de sair do carro expliquei sobre Carlos pra ela.

- Você é louco né? – Perguntou assustada.

- Eu te disse sobre a casa Liz. 

- Disse que ia me deixar pensar.

- Eu não comprei ainda, tudo bem? Vamos ver, e tende imaginar a gente aqui e depois a gente conversa. 

- Primeiro eu quero te falar uma coisa.

- Depois Liz, vamos conversar depois. Vou ficar até amanhã, sem problemas.

- Tudo bem. – Ela me olhou seria e depois saiu do carro. 

Apresentei Liz pro Carlos e olhamos a casa na rua, quase deserta, o que era perfeito. A fachada era bem fechada, o que era excelente também.

- Esse portão é perfeito. – Disse e Liz concordou.

- Não dá pra ver nada, como você pediu. – Carlos explicou. 

- Seguro também. – Liz completou.

Entramos no portão e depois fechamos. Havia uma garagem ao ar livre, ideal também, pra guardar o carro e um pequeno gramado na lateral. A fachada da casa era bem moderna, e de um tom neutro, com  uma espécie de varanda na frente, onde havia a porta e dava pra colocar uma rede.

- É linda... – Sorri. – Gostou? – Perguntei pra Liz e peguei na mão dela.

- É linda Luan. – Ela sorriu pra mim.

A casa era nova, e pequena. Assim que entramos já dava pra ver uma sala onde cabia um sofá e uma TV. Eu conseguia imaginar ela decorada pra nós dois bem com a delicadeza da minha princesa, que olhava tudo atenta e com um semblante serio, indecifrável. À medida que entravamos, havia mais dois quartos no corredor além de um banheiro pequeno e de uma cozinha moderna, mas pequena também, cabia uma mesa pra dois e aquilo já era ótimo. Um deles era bem pequeno e foi informado que era de solteiro. Já o outro era bem maior, o do casal. Sorri discretamente pra Liz e ela retribuiu. Imaginei nosso cantinho ali, e conseguia-me ver chagando em casa e sendo recebido por ela. Meu maior desejo no momento era que fosse muito mais do que de vez em quando. A gente não precisava mais do que aquilo pra ser feliz. 

- A casa só é pequena, mais seu amigo disse que...

- É perfeita. – Disse.

- O bom de casas pequenas, é que as pessoas ficam perto. – Liz sorriu e eu fiquei ainda mais apaixonado. Ela era perfeita.

- A gente vai conversar e amanhã te ligamos. – Sorri pra Carlos e nos despedimos. 

Liz entrou no carro quieta. 

- Podemos ir até o hotel?

- Acho que vai ser bom. – Ela sorriu pela primeira vez depois que deixamos a casa. – A gente precisa conversar.

- Você só me deu um beijo hoje. – Fiz bico.

- Luan, é serio. Quero falar uma coisa importante com você.

- Tudo bem, vamos conversar. 

Assim que entrei no quarto eu já não me sentia como antes. Não sabia se ela ia aceitar, e tinha medo de não. Ela estava nervosa, andando de um lado pro outro e começou a fitar a janela. Tirei os sapatos em silencio e depois suspirei e chamei por ela. 

- Neném?

- Luan, eu não quero aquela casa.

Meu coração bateu forte e começou a diminuir.

- Tudo bem pequena. – Disse tentando me manter calmo. – Podemos ver outras amanhã.

- Luan... – Ela se virou pra mim e agora segurava a mão, sinal de nervosismo. – Eu não quero casa alguma no Rio.

Apaixonada pelos comentários de ontem... 

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