35º - O grande dia chegou.

Liz POV. 

Meu pai chegou em casa mais cedo que o normal depois de mais de uma semana que fomos no cartório. Jogou na mesa que eu estava comendo, um papel. Me assustei e sai pegando logo. 

- Pronto? 

- Obrigado. 

Estava com meu passaporte pra liberdade em mãos e mal podia esperar pra contar pra Luan, mas era cedo e ele tinha ido viajar e a corninha foi atrás, e ele combinamos que ele me ligaria quando dava pra falar.

Esperei pela tarde toda daquela sexta-feira e eu estava muito ansiosa por isso. Mas ele não ligo, então, decidi que iria até a casa do Felipe, onde ele e Caio estavam reunidos com Bia. 

Meu pai foi contra, claro, mas a minha mãe convenceu ele dizendo que eu só ficava em casa e tenho certeza que ele cedeu porque sabia que Luan estava trabalhando e provavelmente não estava no Rio. 

- Estou indo embora o mais rápido possível. - Avisei eles.

Bia já sabia, mas o resto não, o que foi uma grande surpresa e eu tive que explicar. 

- Então ele vem te pegar quando? 

- Não sei ainda. - Disse comendo. - Não consegui falar com ele e estava só esperando a carta chegar. Depende de quando ele puder vir. 

- E já falou pro seus pais? - Bia disse enquanto me abraçava de lado. 

- Não, só vou falar na hora pra não ter problemas. 

- Vamos sentir sua falta. - Felipe disse e os outros dois concordaram. 

- Vou vir ver vocês. Luan me disse que pode me trazer sempre que eu quiser. 

- Liz, só toma cuidado tudo bem? - Felipe pediu. - Tem certeza que esse cara vai cuidar de você? 

- Luan não é moleque gente, ele sabe o que está fazendo… 

- Não estamos falando por mal! - Caio disse. 

- Eu sei, e agradeço a preocupação, mas eu vou ser muito feliz. Ele vai se separar logo… - Sorri apaixonada. 

- Espero mesmo que você fique bem! - Eles me abraçaram todos juntos e ficamos conversando e rindo até tarde, depois iria dormir na casa da Bia. 

Era quase duas horas da manhã quando estávamos saindo depois de um filme e meu celular tocou. Atendi na frente deles mesmo sorrindo. 

- Oi meu amor, estava preocupada já. - Falei com delicadeza. 

- Eu só cheguei agora e a Paula não largou de mim. Estava louco pra te ligar. - Ele lamentou com uma voz irrita. - Esse fim de semana eu enlouqueço. 

- Ela está aí?!

- Tomando banho. Vou ver se consigo falar com alguém assim que voltar, pra me ajudar a resolver isso. E analisar o melhor pra nós. 

- Tudo bem. - Disse meio sem ação. - Tenho uma noticia boa. 

- Estou precisando. - Ele riu. - Fora que esta morrendo de saudades de mim? Diga minha princesa. 

- Chegou minha carta hoje. - Ouvi ele rir no outro lado.

- Isso é perfeito. Semana que vem, ainda vejo o dia e como e depois te falo, eu vou te buscar!

- Estou ansiosa. 

- Você nem imagina como eu estou! 

Logo desliguei com ele e os meninos me olharam atentos. 

- Apaixonada! - Me zoaram. 

Eu ainda veria eles antes de ir embora, mas eram, depois de meus pais, as pessoas das quais mis sentiria falta. E nunca iria me esquecer que fizeram muito por mim.

O fim de semana passou rápido e eu ainda consegui convencer meus pais a me deixarem dormir na Bia novamente pra ir até uma festa, na casa noturna dos pais do meu amigo. Nos reunimos nós quatro pra minha despedida e foi bem engraçado é divertido, apesar de não gostar de beber.

Também fiz questão de fazer bastante coisas com meus pais enquanto Luan ainda não dava uma resposta pra mim de quando seria nossa pequena “fuga”, mas eu já tinha planejado muita coisa. 

- Vamos assistir amor! - Minha mãe chamou meu pai pra ver o filme com a gente. 

Minha relação com ele já havia melhorado bastante, acho que por que ele me deu o papel e eu ainda fiquei em casa, talvez afastando a ideia dele de fugir, o que não era mentira.

- Estou fazendo a pipoca. - Ele voltou.

Assistimos o filme juntos, era de drama, e depois que acabou, abracei minha mãe bem forte.

- Eu te amo. 

- Eu também te amo querida. 

- Me desculpa. Eu te amo. - Falei no ouvido do meu pai e abracei muito ele também antes de dormir. 

E então, o grande dia chegou.

Luan POV. 

Voltei de shows na segunda e Paula tirou o dia de folga, cansada do meu pique. Estava ansioso pra ir até o Rio e pegar Liz, mas tive que adiar a ideia. Queria fazer isso eu mesmo, e não podia ainda. 

Na terça nós conversamos e combinamos cada detalhe pra não dar nada errado. Paula ficaria o dia todo fora na quarta-feira, então eu ia conseguir ir até o Rio. 

- Vai dar tudo certo. - Assegurei. - Você sabe o que fazer.

- Sim. - Ela respondeu meio nervosa ao telefone. 

- Fez a carta?

- Acabei de terminar, e vi um filme com eles. Amanhã eles ficam o dia todo fora. 

- Eu sinto muito. - Disse sincero. - Mas eu já disse, te levo pra ver eles.

- Vai ficar tudo bem.

- Vou chegar no horário combinado. 

Dormi agitado, meio nervoso. Rolei muito de um lado pro outro e decidi ir fazer algo, então acabei dormindo tarde. Nem levantei quando Paula saiu pra trabalhar e agradeci a Deus por isso. Estava tudo certo e combinado. 

- Tudo pronto? Estou saindo, daqui duas horas eu chego ai. 

- Tudo bem. - Ela estava com uma voz triste. 

- Amor, eu sei que você está triste e não quero te ver mal. Se você quiser desistir… - Disse mesmo contra a minha vontade. 

- Não, eu vou. - Ela suspirou. - Vou sentir falta deles mas eu quero seguir minha vida, fazer minhas escolhas.

- Eu vou estar com você. 

- Eu sei que vai, estou te esperando. 

O voo pareceu uma eternidade para mim. Nunca chegava e eu não via a hora de ter minha menina perto, sem toda essa tensão de dar ou não dar certo. Eu só queria que tudo acabasse logo. 

As aulas já começariam na próxima semana e a gente ainda tinha que fazer muita coisa. Primeiro era um hotel, depois acertar as coisas da escola, comprar a casa e as coisas que ela ia precisar. Tudo em pouco tempo e eu estava meio perdido, não sabia ao certo por onde começar. 

Peguei um carro assim que cheguei no Rio, não podia arriscar pegar táxi e expor ela. Fui pra sua casa e parei em frente ao seu prédio. 

Seu celular tocou e ela atendeu no primeiro toque.

- Demorou… - Disse com a voz tensa. 

- Peguei trânsito. Estou aqui em frente princesa. 

- Vem me ajudar com as coisas. 

Fechei o carro e me encaminhei ate a portaria. Minha passagem foi liberada e o porteiro, meio sem entender minha presença, me guiou até seu andar. Assim que o elevador parou, eu vi a porta aberta. Caminhei ela veio logo ao meu encontro, com os olhos marejados e me abraçou forte.

- Se você tiver dúvidas… - Ela me calou com um beijo. 

- Você vai cuidar de mim não vai?

- É claro que sim… Eu te amo. - Abracei ela mais forte. - Vamos princesa. Onde estão suas coisas? 

- No meu quarto, vem me ajudar. 

Ela me deu as mãos e subimos. Num canto, estava uma mala de viagem e algumas coisas de mão. 

- O que você pegou? - Perguntei. 

- Só o que você mandou. Algumas roupas preferidas, básicas pra mim usar por enquanto, coisas de valor sentimental, e meus produtos diárias, essas coisas. E meu notebook. - Ela disse abrindo o sorriso e pegou ele em cima da cômoda, assim como a bolsa que ela sempre usava pra sair. 

- Tudo bem, ótimo. - Sorri tentando causar algum tipo de consolo. Numa tentativa de mostrar que tudo ficaria bem. - Vou levar a mala grande e essas duas bolsas de mão. Você pega o notebook e sua bolsa… 

- É o porta retrato. - Ela disse pegando um que estava sobre sua mobília e deixando junto da TV um papel.

- Vamos então. 

Desci na frente e ela foi atras, se despedindo de tudo. Mas não era o fim, queria que ela entendesse isso. Eu traria ela e tenho certeza que seus pais vão acabar recebendo de braços abertos. Um filho deve fazer falta e nenhuma escolha contrária muda isso. 

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