30º - Nosso amor acabar assim...

Luan POV. 

Assim que acabou a semana, eu novamente não estava falando com Roberval. Mas por evitar mesmo, por que ele fingiu que nada aconteceu e voltou a falar comigo normalmente. Esperei a ligação de Liz, mas ela não veio, e nem uma mensagem no Whatsapp e nem nada, o que me deixou um pouco nervoso pela reação de seu pai, ou até por que na minha mente ela estava me evitando e não ia aceitar minha proposta. 

Quando cheguei a casa, Paula me esperava com um sorriso enorme e de braços aberto, toda de branco com a roupa que chegava do consultório. 

- Como foi de viagem? – Ela me deu um beijo.

- Bem, tudo normal.

- E o Rio? – Ela perguntou como quem sabia que eu estava escondendo algo.

- Nada demais. Fui dar uma volta na praia. 

- Acho ótimo você sair com os meninos nessas viagens, não gosto que fique trancado no hotel.

- Foi divertido. 

- Fabio ligou, vai fazer uma pizza na casa dele e nos convidou. Eu aceitei tudo bem?

- Estou um pouco cansado, mas sim. Vai ser bom. – Sorri. 

- Quase não me ligou amor, tem algo que preciso saber?

- Não, só foi bem corrido. – Disse e pra disfarçar um pouco, a puxei pela cintura e acariciei seu cabelo. 

- Cortou?

- Sim. – Ela sorriu. – Você percebeu.

- Está lindo! – A beijei com delicadeza e ela saiu pra tomar seu banho. 

Encostei-me à mesa da cozinha e respirei fundo. Eu não queria enganar ela dessa maneira, mas não conseguia resistir também. E sabia que me separar não era uma opção. 

Assim que ela saiu do banho, eu entrei. Tentei relaxar, esquecer um pouco de Liz, ou ia acabar dando muito na cara, ainda mais depois de voltar do Rio de Janeiro.

Fabio estava comigo na sala bebendo um pouco enquanto Paula ajudava a mulher dele na cozinha com algo e eu comecei a brincar com seu menino, que já estava grandinho. Estávamos montando um quebra cabeça com ele enquanto ele contava sobre um negocio que aconteceu no escritório, quando ele ficou me olhando. 

- Está precisando arrumar um pra você isso sim... – Riu.

- O que? – Me assustei. - Nem de brincadeira. – Ri.

- Está na hora ué... – Ele me zoou.

- Acabei de casar, bem rápido alias. Nem fala isso perto da Paula pelo amor de Deus. – Pedi. 

- Não caiu a ficha ainda. – Ele riu.

- Não mesmo.

As mulheres apareceram no segundo seguinte com as pizzas e eu convenci o pequeno a parar de brincar e comer. Durante a comida, eles entraram num assunto de casamento e eu na maior parte do tempo fiquei quieto na minha, e quando me perguntaram algo, não sabia bem o que dizer, então disfarcei.

- Estou aprendendo ainda. 

- Vocês ainda são novos nisso. – Fabio concluiu.

- É, somos. – Ri e Paula se juntos nos meus braços. 

A gente se dava bem, combinava, mas não havia sintonia, fogo, aquela paixão que eu e Liz tínhamos. A gente sabia o que era ser um casal sem nem ser um, e agora que eu tinha uma “esposa”, não sabia o que era ser um casal direito com ela. Era ai que estava toda a diferença.

No dia seguinte, assim que levantei depois do almoço e comi, voltei pro quarto e liguei pro Marquinhos. Paula estava no consultório e era o momento ideal pra falar com ele. Ele era meu novo aliado já que Roberval virou contra-Luz e agora ele tinha que por obrigação se tornar pró-Luz.

- Uma casa? – Ele perguntou assustado. – Você já falou com ela?

- Mais ou menos. Mas vai ser mais fácil convencer ela se eu tiver a casa. 

- Casa mesmo ou apartamento?

- Casa. Tem que ser num bairro bom, mas não perto da onde ela vive. E também meio escondida.

- Grande?

- Não muito. Só precisa ser bonitinha e confortável, aconchegante, pra gente se ver, e com segurança né...

- Como você vai pegar o dinheiro de uma casa se seu pai que cuida das suas contas?

- É um saco isso dele ficar vendo, mas tudo bem né... Eu andei tirando um dinheiro pro mês, quando a gente se via, pra caso eu precisasse e coloquei em outra conta. Só vai lá pra mim e acha a casa, por favor. Daí eu levo ela pra ver e compro. 

- Se ela aceitar.

- Ela vai aceitar. Com a casa é mais fácil de convencer ela.

- Achei que tinha dito que ela estava em suas mãos...

- Você falando assim parece que eu quero enganar a menina... Disse que ela estava tão apaixonada quanto eu, é diferente. Mas isso foi antes do casamento, agora está meio complicado, mas vou conseguir. 

- Eu disse que era uma ideia de anta.

- Mas era a única ideia. Enfim, você vai?

- Vou Luan! – Ele riu. – Fica ligado no WhatsApp. 

- Obrigado cara, você vai ser meu padrinho de casamento.

- Eu já sou. – Ele riu.

- De verdade dessa vez, vai ser o casamento mais lindo que já viu.

- Primeiro, você tem que se resolver. Então, ficarei muito feliz por você boi. 

Liz POV. 

Eu estava pensando muito sobre tudo, e por isso não liguei pra Luan. 

Fui à praia no dia seguinte ao nosso encontro, sozinha, e fiquei lá a tarde toda, com meus pensamentos bem direcionados. Pensava em Luan, em Paula, nos meus pais e na sua proposta. Eu não sabia, não tinha certeza se estava disposta a aceitar aquela condição na vida dela, apesar de confiar nele o suficiente pra me jogar de cabeça. Eu sabia que era verdade seu amor por mim e sabia que eu não precisava me preocupar com o tratamento dele comigo, e nem com a ideia dele me abandonar, já que ele ia cumprir o que prometeu. 

Mas a ideia dele ter outra mulher me deixava chateada. Eu não queria pensar nisso. Apesar de saber que ele tinha muitas na nossa época, eu sabia que era mais especial, agora, não queria dividir ele com a Paula, já que ele era casado com ela, um compromisso serio e tudo mais, aquilo me perturbava. E se nada saísse como ele planejava?

Eu só sabia que precisava tomar uma decisão rápida.

- Liz?

- Léo! – Levantei assustada e cumprimentei-o com um abraço.

- O que você faz aqui? – Ele se sentou ao meu lado. 

- Pensando um pouco.

Ele se aproximou e colou nossos lábios. Eu deixei, precisava ter certeza mais uma vez, da decisão que eu já sabia que havia tomado. Um beijo gostoso, mas não tinha o sabor que o do Luan tinha. Afastei-nos com calma e sorri pra ele. 

- Eu preciso ir. – Me levantei pegando minhas coisas e nem dei tempo dele retrucar.

Sai caminhando com pressa, e quando vi que estava longe, sentei novamente na areia. Peguei o telefone e sorri clicando na foto dele. Eu não podia deixar nosso amor acabar assim. E se ficar com ele casado era a maneira, eu enfrentaria pelo nosso amor.

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