34º - Está virando as costas pro seu pai pra virar amante?

- Pode dizer Liz. - Ele reclamou já prevendo que vinha bomba.

- Eu andei pensando muito, e o senhor vai me dar minha emancipação. - Fui direta, mas morrendo de medo.

É claro que sentiria falta deles, mas eu sentia que tinha que tomar minhas próprias atitudes.

- O que? - Ele disse me olhando e depois gargalhou. 

- Você vai assinar pai, e convencer a mãe a fazer o mesmo. 

- Pra você correr pros braços daquele cantor? - Ele gritou. - Nunca! Eu não criei você pra isso Liz! 

- Eu não estou com ele. Luan é casado! - Disse no mesmo tom. - O senhor que acabou com tudo pai.

- Pra que você quer então?

- Não vem ao caso. 

- Então vai continuar menor! 

- Não se eu contar pra mamãe sobre a “Marcelo”. - Tentei ser o mais fria possível e não tremer nas palavras. 

- Você não teria coragem. - Ele disse sem acreditar. 

- Eu tenho pai. Você estragou tudo que eu tinha com Luan, eu não tenho medo. - Olhei bem dentro dos seus olhos. - Você tem um “amor” reprimido e acha que pode fazer o mesmo com os outros! - Acusei. - Mas Luan tem razão, você não tem moral alguma pra falar o que é certo ou errado!  Não passa de um hipocrita! Isso que você é… - Disse já deixando as lágrimas caírem.

- Cala sua boca! - Ele me deu um tapa na cara e eu me assustei. 

- Não calo! - Gritei de volta. - Acha que pode falar de amor, mas não sabe nada! Você traiu minha mãe, não consigo acreditar numa palavra mais sobre vocês dois! 

- Chega Liz! - Ele gritou colocando as mãos no rosto. - Você não vai me chantagear. - Ele me disse. 

- Já estou pai, sinto muito. 

- E não devia estar fazendo isso pra virar amante! - Ele riu debochando da minha cara. - Está virando as costas pro seu pai pra virar amante? Esperava mais de você!

Ele ficou me olhando por alguns segundos e deu as costas nervoso. 

- Vou precisar falar com a mamãe? - Insisti. 

- Não. Pode ir lá e comemorar com ele. 

- Luan não tem nada haver com isso. 

- Eu vou fingir que acredito nisso, sua… - Ele mediu as palavras e virou as costas trastornado saindo de casa. 

Eu então comecei a chorar. Tinha conseguido o que queria mais não estáva totalmente feliz. Queria que eles apoiassem, mas se não tinha maneira, eu não podia fazer muita coisa. Prometi a mim mesma naquele momento seguir meu coração. É claro que uma parte dele ficaria no Rio, pra sempre, mas eu precisava me aventurar, pra não me arrepender depois. Se tudo desse errado, beleza, mas se não desse, ótimo, eu queria cometer meus próprios erros ou acertos. 

No dia seguinte acordei com a discussão da cozinha. Me aproximei devagar e fiquei escutando. Eles discutiam sobre a emancipação. 

- Ela vai fugir com ele! - Minha mãe acusou nervosa. 

- Não vai não, Lúcia. Ele está casado, e o pai dele me disse que só vem pro Rio com a mulher, então eles não se viram. 

- Eu não acredito neles! - Ela disse. - Por mim tudo bem, mas não quero perder minha filha. 

- Ela não vai fugir, mas também não vai adiantar a gente se intrometer muito. Logo ela faria 18 anos e se quiser mesmo fugir, nada vai impedir. - Ele disse e acariciou seus cabelos. - Vai ficar tudo bem e a gente vai colocar aquela casa que quero comprar no nome dela. Vamos no cartório hoje na hora do almoço. 

Com certeza ele usou a desculpa de uma casa pra me emancipar. Então respirei fundo e entrei na cozinha. Eles pararam a conversa e me olharam assustados, mas deram bom dia e fingimos que nada tinha acontecido. Meu pai então contou sobre a sua ideia, como se eu não soubesse e eu fiz cara de quem não se importava. 

Na hora do almoço fomos até o cartório. Meus país assinaram um papel e eu também, como se não fosse nada demais, mas eu me senti assinando a minha felicidade, minha carta de liberdade. Em uma semana tudo estaria pronto e aí eu podia ir pra SP com o Luan. 

Luan POV.

Assim que cheguei em casa já comecei a pesquisar colégios pra Liz. Estava mega atrasado com isso e acabei meio perdido.

Encontrei um colégio que era em Moema, bem próximo do escritório que me chamou atenção. Era o lugar ideal pra Liz e ser perto do escritório era perfeito. Eu viveria com ela nas tardes de folga, já que seu colégio tinha aulas pela manhã, isso era um sonho. 

Aproveitei pra pesquisar um corretor de imóveis que podia confiar e acabei achando um cara. Liguei pra ele e adiantei minha busca secreta. Ele ficou de me retornar em até uma semana com algumas opções de casas.

Paula chegou no fim da tarde toda manhosa e acabei indo buscar ela no aeroporto. 

- Ela está bem melhor, mas foi um grande susto.

- Infecção na idade dela é perigoso. - Eu disse. - Mas você sabe disso melhor que eu. - Ri. 

- Conversei com os médicos, está tudo controlado agora. Graças a Deus. - Ela sorriu e acariciou meu rosto. - Sinti sua falta. 

- Eu também. - Disse. - Mas fiz alguma composições. - Menti. 

- Isso é ótimo. Eu posso ver? 

- Nunca. - Ri meu nervoso e assim que parei no semáforo, ela me deu um beijo e seguimos viagem pra casa. 

Estava no escritório na manhã seguinte e trombei com o meu advogado. Enquanto esperava um pessoal pra reuniãozinha, chamei ele pra uma sala e comecei a assuntar. 

- Uma amiga, quer se emancipar. 

- E os pais? 

- Assinaram. 

- Então está tudo bem. 

- Me explica melhor. - Pedi. 

Ele acabou conversando bastante comigo sobre isso. Explicou que a emancipação servia pra fins jurídicos, mas que ela ainda não podia ser presa ou beber por exemplo, nem dirigir. 

- É como se ela pudesse responder por si só, sem depender dos pais. 

- Relacionamentos com maiores?

- É liberado Luan, desde os 16 anos. 

- Mas ainda tem a ideia dos pais acusarem aliciamento, não tem?

- Sim, tem casos e casos, é possível, mas com a menina emancipada isso não existe mais. - Respirei aliviado. 

Ainda tirei algumas dúvidas, sem ficar botando meu nome no meio, já que ele podia comentar com meu pai. Evitei conversar sobre o casamento também, já que ia se direcionar muito pra mim. 

Meu pai nos interrompeu e eu disfarcei, falando que a gente só estava batendo papo. O advogado meu olhou meu estranho, desconfiando, mas mantive a posse e fomos pra reunião. 

Pela tarde eu fui viajar, já que os shows do fim de semana eram longe, no norte do país. 

Assim que voltei na segunda-feira estava bem animado. Fui até a escola da Liz enquanto Paula trabalhava e fiquei de levar os documentos depois, mas já fiz sua matrícula. Levei sorte que as aulas não tinham começado e a escola estava vazia. Pedi muita discrição da diretora e mandava fotos da nova escola pra minha princesa. Falava com elas todos os dias e as coisas estava se encaminhando. Seu pai só falava com ela perto da mãe pra evitar suspeitas e o clima estava bem pesado. Mas ela estava decidida e eu por um lado bem feliz e por outro triste por ter que ser assim. Assim que ficasse pronto ela ia me avisar e então eu ia dar um jeito de buscar minha pequena. 

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