29º - Você não é minha amante.

Ela ficou me olhando por alguns segundo, bem seria.

- Vou pensar muito sobre seu caso, até lá... – Ela abriu um sorriso. – Dá seus pulos.

- Não sei como. – Ri. – Não posso te ver em nenhum hotel.

- Então a gente pode se ver aqui. – Sorriu. 

- E a idéia da casa?

- Vou pensar, já disse. 

- Aqui não dá pra ficar a vontade Liz. – Resmunguei, queria ficar a vontade com ela. 

- Você não vai comprar uma casa pra ver sua amante né?

- Você não é minha amante, que saco... – Bati no volante com um pouco de raiva. Liz tirava minha paciência às vezes, eu sabia que era errado, mas ela podia não ficar me lembrando isso e colaborar.

- E sou o que?

- A mulher que eu amo.

- A menina que você parece que ama.

- Vai me jogar esse casamento na cara até quando?

- Até ele não existir.

- Eu já te expliquei. Casado com ela é mais fácil de te ver. E além do mais, disfarça pra gente. 

- Vou pensar Luan, já disse. Eu sei que é bem irônico estar aqui e falar isso, mas oficialmente é diferente. 

- Você não tem que ligar pra ela. Eu amo você.

- Vou pensar.

- Eu espero seu tempo. – Eu disse sorrindo e a abracei forte. – Estava com saudade desse seu cabelo escuro, tão longo, cheiroso e lindo... Mas eu gosto mesmo é dele esparramado na minha cama.

- E de puxar também. 

- Você falando assim parece que te maltrato. – Fiz bico fazendo graça pra ela.

- Maltrata meu coração.

- Ok, já se vingou, pode parar com isso por favor? – Ri.

Ficamos conversando por um bom tempo com Liz novamente sentada no meu colo. Ela me contava da sua viagem de férias.

- Não acredito que estávamos no mesmo país. – Ri.

- Manhattan é bem longe de Orlando. – Fiz bico.

- Queria ir ver Harry Potter com você.

- Eu fui! – Ela falou batendo palmas. – Tem um brinquedo novo, você vai amar! – Começou a me empurrar pros lados rindo.

- Para de fazer inveja pra mim, por que isso é ruindade. Imagina você e HP no mesmo lugar, e os minions ainda. – A abracei, que ria. – Quando a gente casar você me dá um minion?

- Não, você vai me dar um. Aquele empregadinho sabe? Que limpa a casa. 

- Liz, por Deus pequena, quero fazer planos de espionagem com ele e não lavar louça! – Disse abismado. 

- Luan, ninguém nem vai deixar a gente casar, vão falar que não podemos por que nossa idade mental não permite. – Ela me olhou rindo e eu acompanhei sua risada maravilhosa. 

- A gente pode casar no parque da Universal então? No Castelo do HP?

- Claro que não. - Ela riu e mordeu minha bochecha.

- Não me morde sua cachorrinha... – Reclamei colocando a mão.

- O que você disse? – Ela em olhou de olhos arregalados.

- Eu to brincando. – Ri. – Posso te morder também? – Ela negou e de repente me veio uma idéia da cabeça.

- Neném, não sei nem por que está tão preocupada com meu casamento, ele vai acabar hoje mesmo quando voltarmos e de repente ter a policia, meu pai, seu pai e a Paula nos esperando lá na delegacia. 

- Meu pai não vai ligar pro seu, eu ameacei ele. – Disse normalmente olhando pras unhas.

- Você o que? – Falei assustado. – Liz, eu sei que ele não merece, mas...

- Mas o que? – Ela falou nervosa. – Ele trai a minha mãe. 

Ela então me contou como descobriu e como ameaçou o pai. 

- Ele vai me odiar mais ainda por que você fez isso. A gente nunca vai ter a aprovação dele.

- Você precisa?

- Não, mas queria. É importante pra você. Não quero que se afaste dos seus pais.

- Luan, eu sinto muito pela mamãe, mas por ele, eu não sei se sinto.

- Eu te entendo. – Disse sincero. – Me desculpa, eu não queria que fosse assim. Você é tão pura, amável, e que não queria causa nenhum problema na sua vida.

- Não tem nada haver com você. – Ela pegou meu rosto. – Ela era mais nova sabe? – Disse com o olhar triste. - Deve ser um pouco mais nova que você. Talvez por isso ele afastou a gente, ele sabe o poder que uma relação como essa pode ter. 

- Faz todo o sentido. – Disse triste. - Sinto muito mesmo.

- Eu também sinto, mas a culpa não é nossa.

- Queria poder te levar pra SP comigo. – Sorri colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. 

- Ia me esconder na casinha do cachorro?

- Eu não tenho cachorro. Mas tem um quartinho lá na área de serviço que cabe uma caminha. – Ri.

- Seu idiota! – Ela me deu um tapa. 

- Nossa, a abstinência de fazer amor comigo está te deixando agressiva. – Ri. – Eu se fosse você aceitava a minha proposta.

- E a sua de mim está te deixando esquecido. Não tem show hoje? 

- Tem. – Fiz careta olhando no relógio. Fazia 4 horas que tinha saído do hotel.

- Bom, talvez a parte da policia estar me procurando não é tão absurda.

- Ninguém sabe que está aqui não é?

- Não. – Fiz careta. – E está quase na hora de trabalhar. Você promete que vai pensar na minha proposta? E também plantar a idéia de fugir comigo pra SP?

- Serio mesmo?

- Não, por enquanto é brincadeira. – Ri. – Mas se seu pai quiser me dar sua guarda, eu aceito. 

- Vai lá pedir pra ele. – Ela riu e iniciou um beijo de despedida. 

- Me liga princesa?

- Ligo. Prometo. 

- Se eu não atender, é por que não dá, mas eu retorno.

- Digo o mesmo.

- Fica quieta por enquanto sobre sua mãe, depois a gente resolve.

- Tudo bem. 

Deixei ela em casa e sorri quando foi saindo do carro, meio triste por não saber quando voltaria a vê-la. 

- Vou lembrar de você cada segundo dos meus dias. – Disse.

- E eu a cada raio de sol desse verão carioca. – Ela piscou saindo.

Assim que cruzei a porta do meu quarto de hotel, havia três pessoas dentro dele. Roberval, Well e o He-Man. Eles se assustaram e respiraram aliviados.

- Nossa, temos uma reunião? – Disse colocando a mochila com tudo que tinha levado em cima da cama e fingindo não entender.

- Você sumiu sem avisar Luan! – Roberval acusou nervoso. – Eu achei que a gente ia ter que chamar a policia.

- Que exagero meu Deus, eu só fui a praia. 

- Sozinho. – Ele me olhou serio. - Você não  pode fazer isso. Podia ser sequestrado, tumultos e tudo mais que você já sabe.

- Eu só queria respirar. – Grite um pouco. – Relaxa que estou vivinho.

- Você devia é me agradecer por não ter ligado pra policia e nem pro seu pai e pedir desculpas. – Fiquei olhando ele. – Deixou todo mundo preocupado, sem saber o que fazer, levou a mochila e tudo... Achei que tinha fugido, sei lá! Pra se encontrar com ela...

- Eu não fui ver ela. – Disse baixo e encostei-me à parede. 

- É claro que foi. – Ele acusou. – Se toca uma coisa. Estou falando como seu amigo... Liz não merece isso e você devia nunca mais procurar ela e a deixar ser feliz e não virar amante! – Ele disse se levantando e foi saindo, mas quando chegou perto da porta, eu falei.

- Ela não é amante.

- Isso já é problema seu, eu desisto. 

Os outros dois passaram por mim de cabeça baixa e saíram atrás dele. Assim que a porta fechou, chutei com força o pé da cama. 

- Droga! 

Liz POV.

Abri a porta com calma e meu pai e minha mãe estavam rindo na sala. Esperei gritos, mas minha mãe me olhou sorrindo abraçada a ele e me chamou.

- Me dá um beijo? Como foi na casa da Bia?

- Ótimo mãe. – Sorri e olhei seria pro meu pai. – Vou subir e tomar um banho. 

- Vai lá querida.

Entrei no meu quarto respirando fundo, tinha dado certo. Mas não deu dois segundos e meu pai entrou com calma.

- Podemos conversar?

- Cadê a mamãe?

- Foi comprar nossa comida.

- Ok. 

- Você não pode fazer isso.

- Eu posso e vou. – Deixei uma lagrima cair.

- Me desculpa.

- Estou muito decepcionada.

- Aconteceu, eu não tive como evitar.

- Olha o que você fez comigo e Luan pra depois eu descobrir que não tem moral nenhuma.

- Liz, esse cara, você não pode. Ele é casado.

- Você não tem nada com a minha vida mais, e minha relação com Luan me te deve respeito.

- Você não pode me ameaçar.

- Desculpa pai, eu te amo, mas se acostuma. Por que eu não vou calar a boca e esquecer isso. – Disse olhando feio pra ele e virando o rosto. – Agora se me der licença, vou tomar um banho. 

Ele me olhou assustado e depois de respirar fundo, saiu batendo a porta. Eu não sabia o que estava fazendo, mas eu precisava de coragem e de tomar uma decisão.

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