- O que é que você está dizendo? - Ela perguntou me olhando assustada. - Ficou louco?
- Nunca estive tão certo de algo na minha vida. Eu estava morrendo de medo de te magoar, mas depois do que vi hoje eu não tenho mais.
Ela respirou fundo e se afastou passando as mãos sobre a cabeça.
- E agora você vai ficar com aquela garota? - Ela berrou. - Ela é uma menina Luan!
- Fala baixo. - Falei firme. - Com quem eu vou ficar ou o que ela é não te diz respeito.
- Você ficou louco, só pode! - Ela riu nervosa.
- Você sempre soube que eu gostava dela Paula.
- Achei que a gente estava construindo algo.
- Até estava, no começo, mas depois… Eu não consegui, a gente se ama, e não parecia justo. Eu sinto muito, de verdade, mas eu não posso mais levar isso, não é justo com ninguém.
- E por isso você compra um apartamento pra ela? - Ela gritou mais um pouco e eu me assustei.
- Como você sabe disso?
- Eu achei sua chave. E também vi ela no apartamento, minha amiga é vizinha dela, liguei os pontos né…
- E por isso queria me arrumar um filho.
- Eu precisava fazer algo Luan. - Disse sentando na cama e começou a chorar. - Eu não quero te perder.
- Você nunca me teve de forma nenhuma além de amiga. E vai ser bom pra você, vai encontrar que te ame de verdade.
- Eu amo você!
- Ficar indo contra só vai te magoar mais. Eu não queria perder sua amizade, mas eu sei que não vai dar…
- Não mesmo! - Ela falou quase gritando de novo. - Que bom que você sabe!
- Para de gritar. Olha, eu preciso resolver umas coisas… - Disse levantando. - Eu vou pedir pros meus pais pegarem minhas coisas.
- Como assim?
- Paula, acabou, eu estou indo embora. E quero que você seja feliz. - Disse sério e desci correndo com ela chorando e protestando atrás.
Meus pais ainda estavam sentados no sofá e eu quase me matei quando vi eles. Mais explicações.
- Amarildo, olha isso o que ele está fazendo, me deixando por… - Interrompi.
- Cala a boca Paula. É melhor você ficar quieta no seu canto. - Não era hora deles dois saber da Liz. - Você sabe que tem grande parcela de culpa e eu não vou esquecer o que aconteceu hoje.
- Eu estava desesperada Luan… - Ela suplicou.
- O que está acontecendo? - Meu pai perguntou nervoso ao nosso lado.
- Estou me separando. - Disse. - Pega minhas coisas por favor mãe e leva pra casa.
- Como assim?
- Ele vai me deixar Seu Amarildo!
- Para de drama Paula. Aproveita e conta pra eles o que você fez…
- Sabe do que mais?
- Depois dessa não me impressiona mais nada!
- Foi eu que mandei aquelas fotos pro pai da criancinha que você estava ficando lá no Rio de Janeiro.
Quando escutei aquilo eu perdi a cabeça. Ela devia ter planejado tudo, eu achava que conhecia ela, que era minha amiga.
- Cala sua boca e não fala dela! - Gritei rapidamente e fui pra cima dela, num ato impensado, mas meu pai entrou no meio.
- Ficou louco Luan? - Ele gritou comigo.
- Manda ela calar a boca agora. Eu quero você fora dessa casa agora! - Gritei e sai batendo à porta.
Eu não precisava de mais problemas e agora ela tinha me arrumado um.
Respirei fundo e me acalmei quando entrei no carro, mas quando vi meu pai vindo na minha direção eu saí dirigindo. Agora estava de volta à estaca da noite e não sabia novamente o que fazer.
Era a ultima semana de Liz na escola e ela com certeza não havia ido, mas eu podia ter sorte. Fui pra lá e fiquei plantado esperando e nada dela aparecer.
Voltei pro AP e fui buscar algo que pudesse me dar uma ideia de onde ela podia estar. Revirei tudo, mas não achei nada. Sentei no sofá sem saber mais o que fazer e agora tinha um apartamento que parecia que havia passado um furacão.
A semana não demorou pra passar enquanto eu não fazia ideia de onde ela estava e nem sabia como procurar. Ela não deu uma noticia tinha medo de ligar pros seus pais e ela não estar lá e sobrar pra mim, então eu tive uma ideia.
Como estava “morando” no AP com medo dela ir lá e eu não ver, meus pais estavam atrás de mim mais eu nem liguei. Fui até ó shopping e comprei um presente pro seus pais e liguei pro piloto. Eu ia pro Rio na esperança de achar ela. Ia chegar pela noite enquanto não havia perigo de não encontrar eles em casa. Quando cheguei no prédio dela o porteiro interfonou e minha entrada foi liberada. O pai dela me recebeu sem entender muito, o que me desanimou.
- Ah, eu posso entrar? - Ele me deu passagem.
- O que você veio fazer no Rio?
- Um trabalho, e passei pra deixar um presente da Liz. - Sorri e ele abriu um sorriso também e pegou a embalagem.
- Lúcia não está aqui, mas ela vai amar. Já estamos com saudades dela.
Aquilo me apertou o coração e eu fiquei bem triste com isso. Ela não estava ali também e não podia falar pra ele que tinha perdido a filha dele.
Ele abriu o presente, uma escultura de uma familia, bem a cara da Liz e parecia com a que eu havia dado no seu aniversário. Me deu até um abraço agradecendo.
- Você trás ela novamente? - Pediu.
- Assim que der eu volto com ela. Eu estou me separando.
- Sério? Eu não vi nada…
- É bem recente ainda. - Sorri. - Mas minha família já está sabendo e pedi pro meu pai dar entrada nos papéis. Ele está empurrando um pouco por que ele não sabe da Liz ainda, e acho que tem medo de eu voltar pra cá, mas ele não tem muito o que fazer, vai ter que sair.
- Mesmo que demore um pouco. - Ele falou. - Bom, você me surpreendeu.
- Eu sinto muito por tudo da forma que aconteceu, mas eu não podia ficar sem ela.
- Você está se resolvendo, isso que importa. E Liz está feliz, não é?
- Claro… - Disse passando a mão na nuca, eu não podia contar simplesmente pra ele.
Não demorou 10 minutos pra mim me despedir e voltar pro aeroporto, depois de confirmar com porteiro que ela não voltou mesmo pra lá.
Voltei pra casa chorando, desesperado, sem saber mais como procurar. Eu precisava prestar queixa, avisar a polícia, isso era desaparecimento e se algo acontecesse com ela podia sobrar pra mim ainda, por não ter avisado sobre seu sumisso. Mas isso implicava que todo mundo ia saber antes da hora.
Esperei no aeroporto jogado numa cadeira o voo do meu amigo que estava pra chegar. Ele ia vir pra me ajudar, mas também não sabia como fazer.
- Vamos ligar pros hospitais. - Disse com dois computadores abertos e me deu um telefone.
- Cara, noticia ruim chega cedo.
- Eu sei, mas não custa. - Ele falou. - Vamos lá vai, se isso não resolver a gente tem que procurar a polícia, mas eu tenho certeza que ela está escondida em alguma casa de amigo.
- Vamos ligar vai. - Peguei um computador é um telefone e comecei enquanto ele estava em outro.
- Moça, é uma menina baixinha, morena, cabelos bem lisos. - Disse no terceiro telefonema. - Liz.
Dei o sobrenome todo e depois ela pesquisou lá. Nada. E eu não sabia se era bom ou ruim.
- Nada aqui também. - Marquinhos falou.
- Não quero ligar pra polícia.
- A gente espera até amanhã, podemos ir na escola cara.
- Eu já fui lá. E ela não esta mais indo.
- Mas falou com a diretora sobre o que está acontecendo?
- Não. - Falei olhando. - É uma boa.
- Vamos terminar aqui. E depois amanhã vamos lá.
Passamos a noite toda ligando ligando e nada, e acabamos dormindo um pouco antes de ir até o colégio.
- Tem a casa daquele garoto também. - Ele disse quando chegamos na secretaria e esperava a diretora nos atender.
- Ela não é nem louca, eu vou lá e trago ela pelos cabelos. - Disse já pensando na ideia.
- Se ela quiser te afrontar.
- Nem me fala isso… - Disse já sentindo meu coração bater mais forte. - Liz não é burra.
- Você prende ela demais.
- Ah já chega, nem vou fala mais com você se você continuar com essa ideia.
- Achei que quisesse achar ela.
- Ela não está na casa desse idiota.
- Eu acho que pode estar, mas você também pensa um pouco. Ele pode saber onde ela está.
Conversamos com a diretora e ela não sabia como nos ajudar. Disse que ligaria na casa de alguns amigos da Liz e me retornaria. Marquinhos foi fazer algo com um amigo e eu fiquei sozinho à tarde. Me bateu dois minutos e resolvi ir até a casa do menino, Lucas. Não sabia se rezava pra achar ela lá ou não.
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