Conversei mais alguns segundos com ele e terminei meu café meio triste. Queria voltar pro quarto e mandar a possível miss Brasil embora, mas a minha educação falou mais alto. Eu não queria voltar e ainda encontrar ela lá, então resolvi tomar mais um capuccino. E tomei, até ver que o fim da visita da tinha chegado e resolvi voltar, comprando pra Luan um cookie que ele gostava. Se o médico soubesse que eu estava contrabandeando doces, eu ia acabar bem mal.
Agora também não sabia como agir, então respirei fundo e entrei sorrindo, mas já fechei a cara quando vi que não precisava ser educada por que a tal de Isabella não estava mais lá. Luan saiu do banheiro devagar e ofereci ajuda.
- Você voltou, já ia pedir pra alguém ir atrás. - Riu fraquinho. - Jantou algo além de brigadeiros? - Perguntou sentando na cama e deitando.
- Jantei, não se preocupe. Trouxe um biscoito pra você. - Estendi pra ele.
- Obrigado.
Sentei na minha cama e comecei a mexer no celular, mas logo cansei e resolvi fechar os olhos e ficar meditando em busca de paz interior. Não conseguia deixar de me sentir idiota por não ter ido na formatura e passar a noite numa padaria do hospital simplesmente porque Luan estava namorando dentro do quarto.
- O que foi? - Ele perguntou, chamando minha atenção.
- Nada. - Sorri fraco.
- Voltou tão quietinha.
- Saudades de ficar com a Bella. - Disse. - Desde que você me ligou eu não vejo ela direito.
- Ela é um anjinho. Me acalmou tanto por telefone.
- Ela queria por toda lei vir te ver, mas não pode.
- Melhor assim, não acha?
- Claro.
- Guardei seus brigadeiros. - Disse apontando a mesinha. - Senta aqui comigo pra comer.
- Você quer? - Perguntei, me levantando.
- Apenas um. - Disse abrindo a boca e eu colocou pra ele. - Essa receita é muito boa.
- Eu também gostei muito.
Falei, voltando a me sentar longe dele, naquele momento eu só queria silêncio pra refletir meu próximo passo. Eu só sabia que ver ele com a menina tinha cortado meu coração.
Luan POV.
Minha mãe apareceu logo pela manhã com meu pai, e Liz foi embora, da mesma maneira, quietinha e aparentemente triste.
- Liz estava toda estranha hoje e ontem. - Disse pra minha mãe enquanto comia aquela comida de hospital horrível.
- Vocês conversaram ontem? - Me olhou feio.
- Daquele mesmo jeito de sempre. Ainda bem que eu vou embora hoje, não aguento mais.
Estava impaciente, não queria mais comer aquela comida sem sal, dormi naquela cama que tinha cheiro de hospital e muito menos não ser ver cores. Eu precisa ir pra casa pra ver minha filha, mesmo sabendo que não poderia ir pra casa, e sim pra casa da minha mãe. Já era um grande início.
Recebi alta por voltas das 17h00m. Minha mãe queria que eu tomasse banho, mas eu só queria ir pra casa e tomar banho lá.
- Bella está aí, toda feliz que veio te buscar. - Meu pai disse rindo.
- Liz veio com o carro dela?
- Não, vieram comigo, por que?
- Achei que aquele engenheiro estava junto. - Torci o nariz.
- O amigo dela? - Ele me olho com graça.
- Eles não são amigos pai. - Ele soltou uma gargalhada e minha mãe nos olhos feio.
- Sabe que eu até percebi. - Riu. - Mas não imaginei que isso ia fazer diferença pra você depois dessas noites que ela passou aqui.
- E não fez. - Disse batendo o pé, e mentindo. Havia feito diferença.
- Papai, papai! - Bella correu pra mim na recepção. Estava linda de vestidinho fresco e cabelos molhados e soltos. Me abraçou forte quando abaixei, com minha mãe e Liz atras reclamando.
- Papai estava com saudades boneca. - Disse sentindo o cheirinho dela. Fiquei até emocionado, já que havia pensado que nem veria ela mais. - Te amo filha.
- Amo você e mamãe! - Disse grudada comigo.
Bella era um anjo que Deus me enviou, sem sombra de duvidas.
Liz me deu um abraço sem graça e voltamos a andar. A pequena não desgrudou de mim, e começou a perguntar muitas coisas sobre o “dodói”. Disse que iria dormir comigo naquela noite e todos nós rimos muito com ela dentro do carro.
Assim que cheguei em casa fui tomar banho. Minha mãe estava preparando um café da tarde com Liz e meu pai ficou brincando com a princesa. Logo chegou Rober e alguns funcionário do escritório. Decidimos postar um vídeo na internet pras minha fãs e tudo foi tomando uma alegria maior dessa maneira. Estava muito feliz por estar ali, esqueci todos os motivos que de uma forma ou outra me levaram até o hospital.
Liz voltou pra casa era noite já, depois da jantar da minha mãe que preparou minha comida preferida. Bella ficou agitando a casa, amava ficar brincando com os avôs, e Bruna, que estava ali, ficou me paparicando com meu afilhadinho. Amava estar em família, estava muito feliz com isso, e antes de dormir também liguei pra Isabella, que tinha se mostrado uma amiga e tanto. Ainda não sabia se minha história com ela ia continuar, mas era uma amiga e eu não esqueceria disso.
Pela noite, depois que Liz dormiu, minha mãe veio me dar os remédios que eu estava tomando e decidi ficar um pouco mais na sala com ela e meu pai. Deitei a cabeça no colo dela, e fiquei recebendo carinho enquanto víamos TV.
- Filho, tenta falar com a Liz meu amor… - Ela disse. - Me dói tanto ver vocês assim. Achei que a história da formatura ia mudar tudo, que você ia tirar essa besteira da cabeça. - Quando ela disse isso, minha mente se acendeu e me levantei, sentando.
- Meu Deus mãe, a formatura da Liz!
- Você não sabia? - Ela perguntou olhando pro meu pai.
- Sabia do que? - Disse pegando meu celular. - Foi ontem, eu esqueci completamente. - Levei a mão na cabeça. - Como que eu me esqueci disso?
- Ela não foi meu anjo. - Minha mente ficou completamente confusa. Eu sabia mais que ninguém o quanto era importante pra ela, e o quanto ela estava esperando por isso.
- Mãe, a senhora não podia ter deixado. - Senti meus olhos molharem. - Era muito importante pra ela, meu Deus!
- Luan, Liz fez uma escolha. - Meu pai falou. - A gente tentou convencer ela que não era necessário, mas Liz insistiu. - Ele disse calmo. - Ela não estaria feliz lá, seria muito pior. Ela ficou onde achava que devia ficar, isso também diz muito sobre vocês, e sobre o amor de vocês. Você devia ligar pra ela, deixar o orgulho de lado e voltar a lutar por vocês. Você não pode ficar triste por ela não ter ido, tem que ficar feliz por ela ter tomado uma decisão, e no fim ter escolhido vocês e a família dos dois.
- Eu não queria que ela tivesse escolhido.
- Mas ela escolheu. E pode ter certeza que ela não vai se arrepender. Alias, esse é seu papel agora, não é mudar o passado e as escolhas dela, mas fazer com que ela não se arrependa delas.
A noite não foi fácil, mas quando amanheceu e acordei, já sabia o que fazer. Ainda não tinha ligado pra ela, e não iria, Iria ter outra atitude, e quem sabe reiniciar nossa vida juntos. Devagar, como eu sabia que agora deveria ser. E já tinha decidido meu primeiro passo.
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